Depois de adiamentos e mudanças na proposta, a Prefeitura de São Paulo planeja definir até agosto a concessionária que administrará o futuro Parque Campo de Marte por 35 anos.
A concessão envolve aproximadamente 20% da área total de Santana, na zona norte da capital paulista, enquanto a maior parte continuará sob administração da União. A operação do aeroporto não será afetada.
O edital da concessão pública sofreu alterações desde a gestão de Ricardo Nunes (MDB), incluindo a retirada do projeto do museu aeroespacial, anunciado em 2017 em parceria com o governo federal.
Em seu lugar, será construído um centro comercial com academia, coworking, lojas, lanchonetes e um rooftop com vista para o parque.
A licitação prevê a realização da obra em duas fases, com entrega total em quatro anos. A Mata Atlântica nativa será recuperada e preservada, e áreas urbanizadas receberão equipamentos como pista de skate e um centro poliesportivo.
O futebol de várzea, com décadas de história no local, será mantido. A concessionária será responsável pela realocação, manutenção e reforma dos campos e instalações.
Histórico da criação do Campo de Marte
Desde os anos 1990, diferentes prefeitos discutem a transformação do Campo de Marte em parque, geralmente vinculados à desativação do aeroporto. Em 2017, a gestão de João Doria (então PSDB) e o presidente Michel Temer (MDB) anunciaram um acordo semelhante à proposta atual, mas com o museu aeroespacial.
O termo de conciliação, assinado em 2022 pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o então presidente Jair Bolsonaro (PL), encerrou uma disputa de 90 anos entre Prefeitura e União.
Impacto no entorno e investimentos
No entorno, corretores já anunciam imóveis destacando a proximidade do futuro parque. A recente “minirrevisão do zoneamento” liberou a construção de prédios de maior porte nas proximidades da Avenida Braz Leme.
A concessionária será escolhida com base na maior oferta de pagamento inicial, que deve ser no mínimo de R$ 305,6 milhões. Estima-se um investimento de R$ 614,4 milhões durante os 35 anos de concessão.
A abertura dos envelopes com as propostas das empresas interessadas, inicialmente marcada para 23 de julho, foi adiada para 16 de agosto. O edital abrange uma área de 385,8 mil m², representando um dos maiores parques urbanos da cidade.
Esse montante é quase três vezes maior que o Parque do Povo e um terço do tamanho do Ibirapuera. A licitação exige que o parque funcione por pelo menos 12 horas diárias, com possibilidade de expansão.
Apoio da comunidade local
A Associação dos Clubes Mantenedores do Complexo Esportivo Cultural e Cidadania do Campo de Marte manifestou apoio à concessão depois das mudanças na proposta.
Ao jornal O Estado de S. Paulo, Otacilio Ribeiro, presidente da associação, afirmou que “vai melhorar a qualidade de vida da zona norte” e destacou a luta da comunidade pela preservação do futebol de várzea. Segundo ele, a área já é utilizada como parque, com cerca de 150 jogos acontecendo nos fins de semana.
A área da concessão, composta por bosque, mata de várzea e ambientes aquáticos, abriga plantas e animais nativos, alguns ameaçados de extinção.
A fauna inclui 112 espécies silvestres, principalmente aves, e a flora tem 129 espécies registradas. O aeroporto do Campo de Marte continuará em operação, e as Forças Armadas seguirão com a construção de um colégio militar na área.
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