Nesta segunda-feira, 4, o presidente da República, Jair Bolsonaro, compartilhou um trecho da entrevista concedida pelo médico Anthony Wong ao programa Direto ao Ponto, da Jovem Pan, em novembro de 2020. No vídeo, o especialista em saúde responde ao questionamento da editora de Oeste Paula Leal. A jornalista pergunta se “é mesmo necessário existir uma vacina para a covid-19” diante de doenças virais, como dengue e aids, com as quais a humanidade convive há tempos sem a existência de imunizante. O especialista defende ser possível conter a pandemia por meio do tratamento precoce — sem uma vacina — e lembra que “99,7% das pessoas [infectadas] sobrevivem à doença mesmo não tomando remédio”.
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Na minha cidade há uma UPA em média para cada trinta mil moradores. Vou repetir: uma UPA para cada trinta mil. Fui avaliar um desses casos por intermédio de dados oficiais e reportagens na imprensa local. O que ocorre: o atendimento é feito através da distribuição de senhas. Essas senhas – em número limitado- acabam sempre por volta das três horas da tarde. Quando as senhas acabam, dezenas de pessoas não atendidas voltam para casa e retornam no outro dia na madrugada. Esse contingente que retorna vai se somar aos novos pacientes daquele dia e assim por diante. Os que conseguem ser atendidos , o atendimento se encerra às nove da noite. Se você estiver passando mal , volta para casa. Nesses períodos de Natal Ano Novo muitos profissionais entraram em férias sem substituição. Bem, para os que precisam, por exemplo de uma tomografia, as UPAS NÃO tem o aparelho. Vou repetir: as UPAS NÃO tem o aparelho. Os exames na rede pública do SUS são marcados sempre para dias ou até meses adiante. Ou seja, o médico não terá de pronto esse exame solicitado. Tratamento precoce exige logística e processos e procedimentos simples e que dão realmente resultados. Mas pergunto à senhora editora da Revista Oeste que fez a entrevista: como promover tratamento precoce nestas condições?
A indústria farmacêutica é quem distorce a realidade.