Análise é do diretor da Instituição Fiscal Independente (IFI), Felipe Salto
A crise fiscal relacionada ao “Covidão” persistirá no Brasil no decorrer dos próximos anos. Ao menos é o que prevê o economista Felipe Salto. Presidente da Instituição Fiscal Independente (IFI), ele participou hoje de uma reunião de comissão do Congresso Nacional. Segundo afirma Salto, o pior em termos econômicos ainda está por vir (e ocorrerá em 2026).
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Para o economista, daqui a seis anos a dívida pública se tornará maior do que o Produto Interno Bruto (PIB). Isso mesmo. Na projeção do diretor da IFI para 2026, a dívida passará de 100% do PIB. A análise dele foi acompanhada de perto por parlamentares.
“Só em 2020 a dívida deve saltar de 75,8% para 86,6% do PIB, um aumento superior a 10 pontos porcentuais. E o país precisa estar atento, pois, mesmo com a adoção de eventuais ajustes em 2021, a dívida crescerá mais 4,5% e continuará a crescer nos próximos anos. A situação é muito grave”, disse Salto, em tom nada animador, informa a Agência Senado.
O economista registrou, contudo, que a projeção apresentada por ele não representa, necessariamente, que o Estado não deva investir em ações para combater a disseminação da covid-19. O país enfrentará, entretanto, problemas de orçamento, avisou. “Não significa que não se deva gastar agora, mas o Brasil precisará compreender que, a partir de 2021, a chamada ‘lição de casa’ a ser cumprida será exigente. Vai ter de ter aumento das receitas, corte em despesas obrigatórias e a restauração das regras fiscais. Principalmente no que tange ao teto dos gastos públicos”, diz.
Preocupação com o déficit
Além de estimar que a dívida pública passará de 100% do PIB em 2026, o presidente da IFI se mostrou preocupado com a situação financeira do país já neste ano. Ele garantiu que o déficit do Brasil em 2020 poderá romper a barreira dos R$ 700 bilhões — rombo que poderá aumentar caso a pandemia se prolongue.
Com isso, Salto pediu que senadores e deputados federais reavaliem determinados gastos. “É muito importante evitar o risco de que se aprovem medidas não relacionadas à crise, que acabam gerando gastos permanentes. Me refiro a reajustes salariais, contratações ou outras despesas permanentes”, comentou, sinalizando apoiar a medida que visa congelar os vencimentos dos servidores públicos.
Acabou o milho acabou a pipoca. A autofagia do funcionalismo público será inevitável, não haverá dinheiro para pagar o salário de todos.
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