Um grupo formado por políticos, empresários e seus familiares furou o cronograma de vacinação contra a covid-19 em Minas Gerais. Com recursos próprios, eles adquiriram a vacina da Pfizer e tomaram a primeira dose do imunizante no dia 23, terça-feira. De acordo com a legislação vigente, o setor privado pode comprar vacinas contra a doença, desde que elas sejam doadas integralmente ao SUS — a obrigatoriedade vale até que toda a população de risco (77,2 milhões de brasileiros) tenha sido vacinada.
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Segundo a revista Piauí, os organizadores da vacinação clandestina foram os irmãos Rômulo e Robson Lessa, donos da viação Saritur. Testemunhas teriam relatado a participação do deputado estadual Alencar da Silveira (PDT-MG) — entretanto, o parlamentar nega a acusação e diz que sequer pode ser vacinado por estar contaminado com o coronavírus.
A publicação também trouxe uma fala atribuída a Clésio Andrade, ex-senador e ex-presidente da Confederação Nacional do Transporte, confirmando a aplicação das vacinas.
“Estou com 69 anos, minha vacinação [pelo SUS] seria na semana que vem, eu nem precisava, mas tomei”, teria dito Andrade. “Fui convidado, foi gratuito para mim.”
A matéria afirma ter recebido relatos de que a enfermeira responsável por fazer as aplicações se atrasou por estar vacinando outro grupo na mineradora Belgo Mineira. ArcellorMittal Aços, que controla a empresa de mineração, emitiu nota negando que tenha feito a compra direta de vacinas contra a covid-19.
“A empresa nunca fez nenhum contato com a Pfizer ou qualquer outra empresa do setor farmacêutico para compra direta de vacinas contra o coronavírus”, relatou. “A Abertta Saúde, empresa de gestão de saúde da ArcelorMittal, atua como posto avançado de vacinação do SUS junto às Secretarias Municipais de Saúde de Belo Horizonte e de Contagem. No entanto, a ArcelorMittal desconhece qualquer atuação de seus profissionais em atos correlacionados à vacinação fora dos protocolos do Ministério da Saúde e do Programa Nacional de Imunização — PNI.”
A equação é simples, vejamos; se a iniciativa privada pudesse comprar e usar livremente iria desonerar o setor público acarretando menos pessoas a serem vacinadas, mais fluidez, mais celeridade e principalmente menor custo ao sistema de saúde. Eu creio que a maioria dos empresários iriam vacinar seus funcionários, não por bondade, mas por uma questão de poder abrir seus negócios mais rapidamente, simples assim.
Se isso de fato aconteceu, quero que morram afogados no fel da arrogância, mas enquanto isso vivam acovardados como ratos de esgoto.
Toda vacina comprada doada para o SUS? Essa regra coloca muita gente do lado escuro da força. Pretendem ignorar as pressões que as pessoas sofrem e condená-las à violação da regra?