Em reportagem publicada na Edição 251 da Revista Oeste, o jornalista Thiago Vieira mostra a relação de Sapopemba, distrito localizado na zona leste da cidade de São Paulo, com a Venezuela. A matéria informa: para fugir da ditadura bolivariana de Nicolás Maduro, venezuelanos criaram uma favela na periferia paulistana — local que passou a receber o nome de Veneza City.
Leia um trecho da reportagem sobre a vida de refugiados da Venezuela em Sapopemba
“Ao descer um pequeno morro por uma escada de concreto, é possível observar algumas casas de madeira e duas ruas com chão de terra. Ali moram 40 famílias venezuelanas.
Há cerca de cinco anos, um grupo de imigrantes que acabara de desembarcar em Sapopemba pediu a ajuda de Débora para montar um pequeno quarto na área que hoje é conhecida como Veneza City. Por ter trabalhado como pedreira com os pais, Débora decidiu colocar a mão na massa e os ajudou na obra.
‘O Criador falou para eu ajudar essas famílias, porque estavam sofrendo muito’, disse Débora. ‘Eles vieram pouco a pouco, devagarinho, começaram a vir. Aí, a gente fez essa comunidade.'”
A reportagem “Ecos da miséria” está disponível na internet. A íntegra só está aberta para a comunidade de mais de 100 mil eleitores da Revista Oeste.
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Revista Oeste
A Edição x da Revista Oeste vai além do texto de Thiago Vieira sobre quem foge da Venezuela e vai parar em Sapopemba. A publicação digital conta com reportagens especiais e artigos de Ana Paula Henkel, J. R. Guzzo, Silvio Navarro, Cristyan Costa, Rodrigo Constantino, Alexandre Garcia, Eugenio Goussinsky, Myllena Valença & Rachel Díaz, Carlo Cauti, Ubiratan Jorge Iorio, Flávio Gordon, Dagomir Marquezi, Amanda Sampaio, Fraser Myers (da Spiked) e Daniela Giorno.
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Diz o provérbio milenar que “quando o navio afunda, os ratos são os primeiros a abandonar o barco”. Resta saber o que acontece com os ratos depois de abandonarem o navio? Uma fábula edificante:
“Estavam os ratos muito bem alimentados, com inúmeros queijos a sua disposição nos porões do navio. E o navio navegava triunfante sobre as águas do Oceano. Estavam todos felizes, ratos e não ratos, num convívio segundo a distribuição dos espaços e dos comes e bebes. Em paz e conciliados. Era um navio de conciliação, de paz e de amor. Interesses conflitantes que apareciam vez por outra, era imediatamente apaziguado com o aumento da ração, para os ratos; dos poderes e espaços para os tripulantes superiores; de comes e bebes para os tripulantes inferiores, às vezes à farta, às vezes mais moderadamente. E todos iam à despensa e abasteciam-se e nunca deixaram de se abastecer, até para repor forças para caminhadas longas, carregando alguns, alguns pesos!
Mas um dia… Sempre há um dia! O mar se revoltou. Não queria mais sustentar o peso do navio. E as ondas, bem orientadas pelo mar, começaram a avançar sobre o navio. E navio soçobrou. Capitão e oficiais davam ordens conflitantes, abagaçados. Cada um a sua maneira queria salvar o navio e sua própria pele. E o navio soçobrava. E as ondas aumentavam, parecia que vinham até do exterior do mar, pelos ventos do norte e elevavam as ondas sem discrição alguma. O vento ajudado pela força das águas locais, isto é, próximas ao navio, forçavam para que o navio adernasse.
E os tripulantes superiores viram com horror que os ratos abandonam os navios. Seguindo a sabedoria milenar, “os ratos são os primeiros a abandonar o navio”. Os tripulantes mais inferiores, incitados por alguns superiores, tomaram o convés aos gritos e aos reclamos. Os comes e bebes já não faziam mais efeito salutar. Queriam a mudança do capitão para entregar o navio à sabedoria dos ratos mais gordos, mais sábios, aquelas ratazanas mais velhas e mais experimentadas.
E os ratos mesmo, aqueles bem ratos, por aclamação e sem reclamação, se foram para as águas revoltas do mar.
E o mar se acalmou. Tomou rumo certo. Os tripulantes inferiores voltaram a seu redil, isto é, aos seus comes e bebes. E os superiores, mais experientes agora, decidiram que não bastavam comes e bebes, era preciso repensar o destino e rever os horizontes, distribuindo também poderes e espaços de forma mais adequada.
Mas a curiosidade ficou: que aconteceu com os ratos no mar ainda revolto? Aqueles que abandonaram o navio terão forças para voltar a ele a nado? Ou teriam sucumbido na boca aberta dos tubarões, engolidos e deglutidos? Ou simplesmente morrem afogados os ratos que primeiro abandonam o navio? Ah! Isto o ditado não explica. Só diz que eles são os primeiros a abandonar o navio. O que lhes ocorre nas águas a que se lançam, a gente não sabe. O mais provável é que não sobrevivam, e aqueles que por acaso sobreviverem, tentarão desesperadamente retornar aos bons tempos dos seus queijos. Alguns delcídios abandonam o navio e depois são recebidos de volta, por pura ingenuidade, e estes delcídios voltam a comer bons queijos. Mas são poucos os assim sortudos. E não podemos afirmar com certeza o que acontece com a maioria dos ratos fujões.”[1]
Como moeda de troca para obtenção da liberdade – não se julga ninguém por desejar o bem mais precioso da humanidade – delatores são capazes de entregar a própria mãe para seus algozes. Impressiona o fato de que em nome da punição de alguns, o Estado “abra mão” de punir os delatores (nova causa de extinção da punibilidade).
Algumas perguntas no que se refere a “colaboração premiada” continuam sem resposta, pelo menos resposta que satisfaça o direito e o processo penal democrático:
i) Por que os delatados, quando da pratica do mesmo crime, são punidos mais severamente que os delatores?
ii) Será o corruptor menos nocivo que o corrompido? Pelo menos, de acordo com o Código Penal a pena para o crime de corrupção passiva (art. 317 do CP)é a mesma do crime de corrupção ativa (art. 333 do CP), reclusão de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Para se livrarem da prisão e de uma pena exacerbada, empresários, marqueteiros, secretários, advogados etc. violam – com ou sem justa causa – segredos profissionais. Observa-se que até então, a violação do segredo profissional “sem justa causa” (elemento normativo do tipo) é crime previsto no artigo 154 do Código Penal. Mas em nome da delação – eufemismo de traição – tudo passa a ser permitido e até incentivado pelos “rapazes” das Forças Tarefas.
No que diz respeito ao valor dado a palavra do delator, o eminente processualista Jacinto Nelson Miranda Coutinho salientou que:
O pior é que o resultado da delação premiada – e talvez a questão mais relevante – não tem sido questionado, o que significa ter a palavra do delator tomado o lugar da “verdade absoluta” (como se ela pudesse existir), inquestionável. Aqui reside o perigo maior. Por elementar, a palavra assim disposta não só cobra confirmação precisa e indiscutível como, por outro lado, deve ser sempre tomada, na partida, como falsa, até porque, em tais hipóteses, vem de alguém que quer se livrar do processo e da pena. Trata-se, portanto, de meia verdade, pelo menos a ponto de não enganar quem tem os pés no chão; e cabeça na CR.
Ainda, em relação especificamente à palavra de corréu ou cúmplice como meio de prova – podendo ser aplicada ao delator – valiosa é a lição de Mittermayer em seu tratado de provas em matéria criminal, in verbis:
O depoimento do cúmplice apresenta graves dificuldades. Têm-se visto criminosos que, desesperados por conhecerem que não podem escapar à pena, se esforçam em arrastar outros cidadãos para o abismo em que caem; outros denunciam cúmplices, aliás inocentes, só para afastar a suspeita dos que realmente tomaram parte no delito, ou para tornar o processo mais complicado ou mais difícil, ou porque esperam obter tratamento menos rigoroso, comprometendo pessoas colocadas em altas posições.
E assim, de delação em delação, os ratos vão aparecendo e abandonando o navio. No momento eles vão escapando da ratoeira, com astúcia, com cinismo, com malandragem – alguns até esboçam um sorriso entre os lábios – por medo, por covardia ou por vingança. Contudo fica a pergunta: o que acontecerá como os ratos depois de abandonarem o navio?
Leonardo Isaac Yarochewsky é Advogado Criminalista.
Votou no Chaves querendo almoço e ônibus grátis , o socialismo falhou ,espero que tenham aprendido a lição
Comentario infeliz. Nao votei no Lula, mas estou pagando o preço junto com milhoes de brasileiros que por covardia ou omissao pensaram que uma eleiçao sem voto impresso e auditavel seria licita. Somos um povo covarde, afundado no TAL JEITINHO BRASILEIRO, SEMPRE QUERENDO LEVAR VANTAGEM EM TUDO. Querendo ou nao somos uma naçao conformada por gente trabalhadora, vagabundos, oportunistas, vividores, etc………………. Estamos todos no mesmo barco, e quando naufragar morreremos afogados junto com os ratos, assim de simples.