O governo federal sancionou, nesta terça-feira, 2, a lei que estabelece o Dia do Rei Pelé, a ser comemorado anualmente em 19 de novembro. Neste dia, Pelé marcou o seu milésimo gol, em 1969, contra o Vasco, na vitória do Santos, clube em que se consagrou, por 2 a 1.
O gol saiu de uma cobrança de pênalti naquela noite. Eram 23h23, e a partida era válida pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa, no Maracanã.
“O Dia do Rei Pelé vai muito além do milésimo gol, apesar da data ser uma referência a este momento histórico”, diz a Oeste o historiador do Santos F.C, Gabriel Davi Pierin.
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“Costumo dizer dentro do Santos, quando fazem as comparações sobre o que o Pelé representou como jogador, que ele é muito mais do que esse craque fantástico, é uma instituição diplomática, o nome que foi capaz de levar o Brasil, a cidade de Santos, o clube e o próprio futebol brasileiro para os quatro cantos do mundo.”
Pelé, considerado o maior jogador de todos os tempos, tinha mesmo o poder de pairar sobre rivalidades enquanto desfilava pelos gramados e passava pelos adversários. Conseguia desvendar em um lance a essência do jogo. E desconstruir as vaidades dos torcedores resistentes em ver o futebol como um meio de integração.
Foi por isso que, no instante em que ele marcou o milésimo gol e o campo se encheu de repórteres e fãs para registrar o feito, os torcedores vascaínos aplaudiram. Sentiram até prazer naquele momento. Mas Pelé é capaz dessa façanha.
Ainda depois daquele gol, foram mais oito anos de carreira, até ele se despedir do futebol em 1977, no Cosmos, dos Estados Unidos.
Ele ainda conquistou o tricampeonato mundial pela Seleção, em 1970, que o levou a ser o único jogador a conquistar três Copas do Mundo, depois de ter vencido em 1958 e em 1962, pela Seleção Brasileira.
Edson Arantes do Nascimento, conhecido como Pelé, nasceu em Três Corações (MG), em 23 de outubro de 1940. Entre 1957 e 1971, jogou 114 partidas pela Seleção Brasileira, pela qual fez 95 gols. Pelo Santos, entre inúmeros títulos, conquistou os Mundiais de 1962 e de 1963. Na carreira, marcou 1283 gols em 1363 jogos.
O Rei do Futebol, denominação que passou a acompanhá-lo depois da Copa do Mundo de 1958, morreu em 29 de dezembro de 2022, em São Paulo, aos 82 anos.
“Pelé foi a representação máxima da esperança para muita gente, a chance de vencer por meio do esporte e tudo aquilo que o futebol representa”, acrescenta Pierin. “O esporte tem grande valor em termos de disciplina, de saúde e da possibilidade de se desenvolver e de se tornar uma pessoa melhor.”
Dificuldades do governo
O projeto teve relatório favorável do senador Jorge Kajuru (PSB-GO). A publicação dessa norma, assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ocorreu no Diário Oficial da União nesta terça-feira.
Kajuru ressaltou no relatório a importância de Pelé: “O projeto simboliza um reconhecimento mais do que merecido a uma das figuras mais emblemáticas e influentes não só do futebol brasileiro, mas do esporte mundial”, declarou o senador.
“Pelé transcendeu os limites do campo para se tornar um verdadeiro embaixador do Brasil, difundindo sua cultura, sua alegria e seu talento por todos os cantos do planeta.”
Desde o início de seu governo, o presidente Lula tem deparado com grandes dificuldades de aprovar suas pautas no Congresso Nacional. O Palácio do Planalto acumula uma série de derrotas na votação de vetos e com o avanço de matérias que não apoiava.
Em relação à sanção sobre o Dia do Rei Pelé, quase não houve objeções. A nova lei resulta do Projeto de Lei (PL) 5.867/2023, originado na Câmara dos Deputados. Os autores foram os deputados Luciano Ducci (PSB-PR) e Felipe Carreras (PSB-PE).
A aprovação superou disputas partidárias. Ocorreu em maio pela Comissão de Esporte do Senado. Tudo muito rápido, ainda mais em meio à turbulenta relação do Executivo com o Legislativo neste momento. Mas Pelé é capaz desta façanha.