O Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre (RS), completa um mês de fechamento nesta segunda-feira, 3. As operações foram interrompidas devido aos danos causados pela enchente histórica que atingiu o Estado.
Ainda há incertezas sobre o tempo e os recursos necessários para recuperar a pista e outras estruturas afetadas. No momento, a Fraport Brasil, responsável pelo aeroporto, evita estipular uma data para a retomada das operações.
A empresa afirma que uma avaliação completa dos impactos é necessária antes de definir prazos. Há uma vistoria marcada para esta segunda-feira.
Em entrevista à GloboNews no domingo, 2, o ministro Paulo Pimenta (PT), que lidera a Secretaria Extraordinária de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, disse que a inspeção visa a criar um cronograma e entender o orçamento necessário para a retomada do aeroporto. Segundo ele, a população gaúcha “precisa de uma resposta”.
“A partir disso, sabendo desses números, temos de saber que despesas estão previstas, e não estão no contrato originário [da concessão]”, afirmou. “Tudo aquilo que foge do escopo da concessão é uma despesa adicional que a concessionária não tem obrigação de custear e, evidentemente, que será o poder público, seja ele federal ou estadual. Vamos sentar e discutir essa readequação.”
Impactos e ações emergenciais
Depois da tragédia, a Fraport solicitou à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) um estudo para avaliar o reequilíbrio econômico-financeiro do contrato do Salgado Filho. Embora a empresa negue, a agência reguladora confirmou a informação
A paralisação do Aeroporto de Porto Alegre trouxe dificuldades logísticas significativas para o Rio Grande do Sul, afetando o transporte de pessoas e mercadorias. “O Salgado Filho está para o Rio Grande do Sul como Congonhas está para São Paulo”, disse Paulo Menzel, presidente da CâmaraLog. “É um aeroporto vital, que centraliza a malha aérea e distribui voos para outros locais”.
O Salgado Filho registrou 551,6 mil passageiros em abril. O Aeroporto de Florianópolis, parte da malha aérea emergencial, teve 302,5 mil passageiros no mesmo período. A Fraport Brasil opera voos comerciais na Base Aérea de Canoas desde o dia 27 de maio, que pode ter sua capacidade dobrada para 70 frequências semanais a partir de 10 de junho.
Para Menzel, a tragédia deve servir para repensar a infraestrutura gaúcha. Ele defende a construção de um novo aeroporto no Estado, mencionando um projeto em Vila Oliva, em Caxias do Sul. “Tenho resistido a falar em reconstrução do Rio Grande do Sul”, prosseguiu. “Isso me dá coceira. Temos de pensar em um novo Rio Grande do Sul. Reconstruir mais do mesmo é perder uma oportunidade histórica.”
Com aeroporto parado em Porto Alegre, operação segue em Canoas
Desde o dia 27 de maio, a Fraport tem operado voos comerciais na Base Aérea de Canoas, na Grande Porto Alegre, para aliviar o caos logístico. Canoas faz parte da malha aérea emergencial e, a partir de 10 de junho, poderá ter sua capacidade dobrada de 35 para 70 frequências semanais, o equivalente a dez voos diários.
Questionada pelo jornal Folha de S.Paulo no domingo 2, a Fraport não detalhou quantos voos foram cancelados desde o início de maio, nem o número de passageiros afetados. Na sexta, a empresa disse ter conseguido acessar a pista do aeroporto, mas “muitas áreas” ainda estavam alagadas. “Nossa expectativa é que na próxima semana consigamos iniciar os testes técnicos e de solo para avaliar o impacto na pista”, declarou a companhia. A água já deixou a parte interna do terminal.
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