Uma extração no bairro do Morumbi, na zona sul da capital paulista, revelou o sítio arqueológico mais antigo da cidade de São Paulo. A cerca de 80 centímetros abaixo do solo, pesquisadores do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (MAE-USP) e da empresa Zanettini Arqueologia encontraram uma peça de 3,8 mil anos, resultado de atividade humana.
De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, os arqueólogos encontraram um carvão de um período no qual o espaço funcionava como uma espécie de pedreira por povos caçadores e coletores com alta mobilidade. Eles extraíam a rocha sílex da região, conhecida como pedra lascada.
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Segundo Letícia Cristina Correa, do grupo MAE-USP, as pessoas recolhiam as pedras no local para desenvolver alguma ferramenta. Dessa forma, as peças encontradas no sítio são restos de pedra lascada da produção ou do instrumento que utilizavam para manipular a rocha. As amostras mais recentes são de 800 anos atrás.
Amostras de sítio arqueológico do Morumbi vão para centro de arqueologia
Conforme o Estadão, as pesquisas arqueológicas no local somam 3 mil amostras que estão no Centro de Arqueologia de São Paulo, aberto para visitação. Entre os achados no sítio está uma ponta de flecha, das escavações de 2001.
Segundo os pesquisadores, apesar de não haver sinal de cerâmica na região, os povos também podem ter aproveitado a matéria-prima do local. A cerâmica vinculava-se a hábitos de vida de grupos com mobilidade menor do que de caçadores e coletores. Isso porque já trabalhavam com horticultura e agricultura, o que aumentava a necessidade de armazenamento.
Carvão de 3,8 mil anos
No fim de 2022, os pesquisadores encontraram um pedaço de carvão de 3,8 mil anos nos 2 m² de área preservada que restaram do sítio arqueológico, no Morumbi. A ação fez parte de um requerimento do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico para verificar o local antes de dar o licenciamento para construção de edifícios na região.
Para os pesquisadores, o pedaço antigo de carbono provavelmente provém de atividades com fogo para aquecer a pedra lascada. A partir disso, a pedra ficaria mais moldável e ajudaria no cozimento de alimentos ou mesmo contra o frio.
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O pedaço foi enviado a um laboratório nos Estados Unidos, que concluiu a datação. Os recursos vieram de uma bolsa financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.
Mesmo com discussões sobre a preservação do local, avançava a construção de casas e, em seguida, de prédios. Em 2006, uma empresa que fez vistoria na área constatou em relatório que todo o terreno, de cerca de 1,7 mil m², era potencialmente informativo. No entanto, as recentes escavações da equipe do MAE-USP constataram que a área tinha entre 2m² e 3m².
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