O Consulado dos Estados Unidos em São Paulo negou o visto de Rafaelly Wiest, mulher trans e ativista de 40 anos. Na próxima terça-feira, 7, ela iria para uma audiência sobre crianças e adolescentes transexuais em Washington, na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).
Rafaelly estava com passagens de ida e volta compradas pela Minha Criança Trans, a primeira organização não governamental (ONG) brasileira que trata exclusivamente desse público.
Ela atua como supervisora de projetos da Aliança Nacional LGBTI há 15 anos e é suplente do Conselho Nacional LGBT no governo Lula.
Consulado dos Estados Unidos diz que ativista trans não tem vínculos que garantam sua volta ao Brasil
A ativista trans levou uma carta assinada pelo secretário-executivo da Organização dos Estados Americanos (OEA) pedindo facilidades para a emissão do visto. Rafaelly diz que foi vítima de transfobia no Consulado-Geral dos Estados Unidos em São Paulo.
A entrevista de Rafaelly no consulado foi feita na última segunda-feira, 30. Ela estava com outros quatro ativistas, que não eram transexuais e foram todos aprovados para o visto. Eles apresentaram os mesmos documentos e justificativa para a viagem, de acordo com o jornal Folha de S. Paulo.
“Chorei o dia inteiro, porque fazia tempo que eu não passava por isso”, disse Rafaelly. “Senti que era transfobia, não tem outro motivo.” A ativista trans solicitou aos Estados Unidos o visto tipo B1/B2, para viagens de turismo e participação em eventos.
Rafaelly disse que ouviu do funcionário do consulado a frase “dessa vez você não vai” quando ela disse que era uma mulher trans. Segundo ela, a entrevista foi encerrada abruptamente.
“A decisão de hoje não pode ser reconsiderada”, disse o consulado em um documento. Os norte-americanos disseram que ela não tem vínculos suficientes com o Brasil que garantam sua volta ao país.