Moradores do conjunto residencial da Universidade de São Paulo (USP) fazem vigília no local há nove dias. Eles guardam as entradas dos blocos G e F para impedir a instalação de grades visando ao controle de acesso aos apartamentos. Os manifestantes se revezam em colchonetes dispostos nos saguões dos blocos G e F.
São grupos pequenos, de quatro a cinco membros. Porém, a qualquer “sinal de perigo”, estudantes são convocados num grupo de WhatsApp.
A “mobilização” começou na manhã de 14 de agosto, data em que a reitoria pretendia instalar portões e realizar adequações — câmeras, pintura e mobiliário — na portaria dos prédios. Quando os funcionários chegaram para isso, foram recebidos com protestos.
Os manifestantes estão em vigília há nove dias, visando a impedir a instalação de grades nas entradas dos blocos G e F para controle de acesso aos apartamentos. Os estudantes se revezam em pequenos grupos, de quatro a cinco pessoas, utilizando colchonetes nos saguões dos blocos.
Moradores alegam agressão por parte da guarda universitário
A guarda universitária foi chamada para manter a ordem. Alguns moradores alegam ter sofrido agressão. A Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (Prip), responsável pelas habitações, afirma estar investigando os eventos. Depois da confusão, os funcionários da USP deixaram o local.
“A vigília vai se manter, ao menos, até o fim de semana”, afirmou Daniel Lustosa, presidente da Associação de Moradores do Conjunto Residencial da USP (AmorCrusp), ao jornal Folha de S.Paulo. O projeto das grades tem causado controvérsias desde o início do ano.
A Prip alega que a intenção é melhorar a infraestrutura e a segurança. No entanto, os estudantes afirmam que a instituição ignora suas opiniões e planeja a obra para identificar os moradores irregulares.
No Crusp vivem cerca de 1,6 mil pessoas, das quais 300 estão em situação irregular, segundo a AmorCrusp.
“Acreditamos, sim, ser necessária uma política de proteção mais eficaz para dar conta dos casos de assédio, violência, agressão e furtos”, acrescentou Lustosa. “Porém, acreditamos que ela deve ser debatida profundamente. Isso não aconteceu.”
Posicionamento da USP
A USP informou que realizou três debates com os moradores nos dias 17, 1º e 4, para abordar as principais preocupações em relação ao uso das grades para restringir moradores irregulares.
Muitos dos irregulares são ex-alunos ou pessoas que não conseguiram vagas nos editais da universidade e foram acolhidos por outros estudantes. A AmorCrusp defende a análise caso a caso, sem expulsões compulsórias.
A USP nega que a instalação das grades esteja relacionada ao monitoramento dos moradores irregulares. O acesso aos apartamentos continuará como sempre, com apresentação de carteirinha pelos alunos e anúncio de visitantes por interfone.
A Prip afirma estar aberta ao diálogo com os moradores. “Decidimos continuar construindo um diálogo democrático para definir as ações a serem realizadas”, afirmou, em nota.
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