A madrugada da última quarta-feira, 1°, não foi como qualquer outra para Pedro Correa de Goes, de 64 anos, e sua mulher, Delci Elisete Markmann, de 59 anos. O casal perdeu a casa onde morava há 40 anos, em Arroio do Meio (RS), em razão das enchentes que assolam o Rio Grande do Sul desde a semana passada. A residência ficou submersa.
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No mesmo dia, o casal almoçava com seu filho, Gean Mateus Markmann de Goes, a nora e as netas. A família já estava em estado de alerta: no primeiro dia do mês, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu avisos na cor vermelha, que indicam “grande perigo”, de chuvas intensas e alagamentos na região. Contudo, não imaginavam o que aconteceria naquele mesmo dia.
“Cortaram a cerca do vizinho para tentar escapar da enchente”, diz filho de casal que sobreviveu à tragédia do RS
A família estava atenta ao aumento do nível do Rio Taquari, porém, não imaginava a que altura o rio poderia subir. “Ficamos em alerta pois alguns trechos de Arroio do Meio são interrompidos”, conta Gean Mateus a Oeste. “Mas não fazíamos ideia da altura que o nível poderia chegar.”
O rapaz voltou para casa, que fica do outro lado da cidade. Contudo, conforme as horas passavam, o nível da água subia. Os pais de Gean tentaram salvar os móveis ao notar a elevação. Eles subiram para a parte mais alta do terreno, carregaram o que puderam, mas não foi suficiente.
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O casal teve de cortar a cerca do vizinho dos fundos para sobreviver. “Tudo isso no escuro, chovendo, no meio do barro e sem conseguir pedir ajuda, porque todos em volta estavam tentando se refugiar”, explicou Gean.
Sem luz, sem internet e sem sinal telefônico, eles fizeram o possível para salvar algumas roupas, três cachorros e o passarinho. Os idosos conseguiram abrigo.
“Estamos celebrando que estamos vivos e isso é o que mais importa”, explicou Gean Mateus. “Muitas pessoas não tiveram essa mesma sorte. A quantidade de desaparecidos é enorme e provavelmente não serão achados.”
A nova rotina de Gean Mateus é tentar comunicação, porque as chuvas intensas prejudicaram os sinais de internet. Além disso, sua família tenta utilizar o mínimo de combustível, água, entre outros recursos, para ajudar os pais, Pedro Correia e Delci Elisete.
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