Cartazes de “Sejam-bem vindos”, flores, gritos de felicidade e muita emoção. Esse foi o cenário encontrado pelos brasileiros repatriados de Israel ao desembarcarem no Aeroporto Internacional de Brasília, nesta quarta-feira, 11.
Nesta madrugada, 221 brasileiros pousaram na Base Aérea de Brasília por meio de um voo da Força Aérea Brasileira (FAB). Eles sobreviveram aos ataques do grupo terrorista Hamas, que começou no sábado 7 e dura até o momento.
+ Guerra em Israel: brasileiros repatriados chegam ao Brasil
O analista Leonardo Camargo, 32 anos, chegou cedo ao aeroporto. A sogra dele chegou a Israel na sexta-feira 6 para participar de uma peregrinação da igreja. Um dia depois, o Hamas iniciou a onda de ataques contra o país. A previsão de retorno da mulher era apenas na terça-feira 10.
“A gente nem dormiu desde ontem”, disse Leonardo. “Ficamos olhando pelo celular onde o avião estava. Graças a Deus, o governo e a FAB disponibilizaram esse avião, e eles chegaram aqui salvos. Estamos muito felizes e agradecidos. Fico imaginando quem continua lá fugindo a guerra. Muitos inocentes pagarão esse preço. Ela não conseguiu curtir a viagem, mas estamos bem.”
Foi a primeira vez que ela foi para Israel. Após os ataques, a mulher ficou no bunker do hotel em que estava hospedada.
Ao lado dos diversos familiares, estava também o prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos). Ele intermediou a doação de um fretado para trazer de Brasília os dez sorocabanos que retornaram de Israel.
“Foi ele [prefeito] quem nos abriu as portas para vir para Israel”, disse o pastor Rogério Barbosa, um dos repatriados. “Ele deu o pontapé inicial nos trâmites logo no sábado. Ficamos muito assustados, pois foi a nossa primeira experiência. Ligamos para o nosso prefeito, que prontamente nos atendeu. Agradecemos primeiro a Deus e também ao nosso querido irmão [prefeito].”
Os 211 fazem parte de um grupo de mais de 2,5 mil pessoas que estão em Israel e de 50 que estão na Faixa de Gaza. Todos solicitaram ao Itamaraty o retorno para casa.
Desde o sábado 7, iniciou-se uma guerra entre o Hamas e Israel, depois dos ataques armados e dos disparos de mísseis do grupo terrorista. Hoje, a guerra chega em seu quinto dia. Trata-se do maior conflito na região em cerca de 50 anos
Os passageiros com destino ao Rio de Janeiro vão ser transportados em duas aeronaves da Força Aérea, um KC-390 Millennium e C-99, até um posto da Base Aérea do Galeão.
Já os brasileiros repatriados, que vão de Brasília para outros destinos, partem com a Azul. O governo federal firmou uma parceria com a companhia aérea.
Brasileiros repatriados relatam momento dos ataques em Israel
Depois de pousarem em Brasília, os brasileiros repatriados de Israel relataram como foi sobreviver aos ataques do grupo terrorista Hamas nos últimos dias.
Além disso, os cidadãos aproveitaram a ocasião para expressar o alívio de estarem em solo brasileiro novamente.
“Quando o bombardeio começou, estávamos no norte, na região da Galileia”, contou o mineiro Valdir Alves Reis. “Foi assustador, muito pânico… Estávamos em uma região que poderia ser a próxima atacada. Foi muito tenso. O nosso grupo tinha 60 pessoas, ninguém se feriu graças a Deus.”
Das 60 pessoas que estavam com Reis, apenas três ficaram em Israel, pois tinham dupla nacionalidade. Contudo, eles devem retornar ao Brasil nos próximos voos da FAB que devem pousar no Brasil nos próximos dias.
“Esses últimos dias foram terríveis”, continuou o mineiro, que disse ir para Israel todos os anos. “Queremos louvar a Deus pelo governo federal.”
Um casal de brasileiros que mora em Nova York contou a jornalistas que, apesar do pânico devido aos bombardeios, desde o início, tinham “ciência de que estavam seguros”.
“Enfrentamos mais uma batalha, ou melhor, saímos dela”, contou Josué Evangelista. “Ficamos dois dias só rezando e esperando a hora de embarcar e vir para o Brasil de volta. Estamos em um momento de alegria.”
Sua mulher, Lucina Evangelista, relatou que a FAB deu “apoio total” aos repatriados. Já a coordenadora pedagógica Eliane Motta, de 56 anos, liderava uma excursão de pessoas idosas para Israel.
A mulher, que ficou dez dias no país, disse que seu maior desejo era tirar o grupo do local. “Fizemos uma força de trabalho”, relatou. “A FAB tem que continuar. Tem mais de 2 mil brasileiros lá. É guerra, mas temos a esperança de paz.”
Eliane contou que o momento que mais teve medo foi quando estava com a equipe no segundo bombardeio, já nas estradas de Jerusalém.
“Estávamos indo para o jardim do túmulo, e, chegando ao bairro, fomos bombardeados”, explicou. “Não tinha bunker, tivemos que nos jogar no chão. Fomos correndo para o jardim do túmulo e resgatamos a equipe. O Hamas nos pegou de surpresa. O Hamas tem que ser detido.”