A formação específica em gestão escolar não está presente no currículo nem de metade dos diretores de escolas estaduais no Brasil, segundo pesquisa do Observatório de Educação do Instituto Unibanco. O levantamento é baseado em dados do o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e do Censo Escolar coletados entre 2011 e 2023.
Apesar de a marca ainda estar bem abaixo dos 50%, a comparação de 2023 com 2020 — parâmetro disponível no material — mostra um aumento significativo no porcentual estudado. Esta taxa foi de 9,4% para 20,1%.
“Se essa mudança ocorreu devido à entrada de novos diretores já com essa formação, ou porque as redes estaduais promoveram ações para aumentar o percentual de indivíduos com formação continuada em gestão, é algo que requer investigação adicional.”
Instituto Unibanco
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Em 2020, Rondônia e Distrito Federal lideravam entre os Estados com os maiores números de diretores com formação em gestão escolar: tinham entre 30% e 40%. A pesquisa mostrou os dados em intervalos de 10 em 10%.
Já em 2023, o Piauí saltou do intervalo de 0% a 10% para a liderança, o de 90% a 100%. O Distrito Federal foi o segundo, com 40% a 50%. Outros estados, como Acre, Rondônia e Mato Grosso do Sul, variaram entre 30% e 40%. Veja os dados de todos os Estados na figura abaixo.
O perfil dos diretores
O perfil típico dos diretores capacitados é de uma mulher branca, com mais de 50 anos e formação em áreas da educação distintas de pedagogia. Em 2023, 38% dos diretores se formaram em pedagogia e 55,2% em outras áreas da educação.
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A pesquisa também revelou uma redução na proporção de diretores pretos e pardos desde 2011. Naquele ano, 33% eram pardos e 6% pretos, enquanto em 2023 os números caíram para 25% e 4%, respectivamente. A presença de diretores brancos diminuiu de 56% para 50%.
A pandemia e o aumento da gestão
O levantamento mostrou um aumento na carga horária dos diretores, especialmente durante a pandemia de covid-19. Em 2021, mais de 60% dos diretores trabalhavam acima de 40 horas semanais, comparado a 42% antes da pandemia.
Desde 2011, a maioria dos diretores é composta por mulheres, mas a presença masculina cresceu de 24% para 33% entre 2011 e 2023. O gerente do Instituto Unibanco, João Marcelo Borges, destacou a importância de observar se os processos seletivos para diretores estão sendo justos e não favorecem homens.
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“Temos que observar se essas seleções estão sendo justas, não machistas e beneficiando profissionais do sexo masculino”, disse Borges. “É sempre um perigo.”