O cantor Gusttavo Lima fez uma transmissão ao vivo para comentar as investigações das quais é alvo. Na live desta segunda-feira, 30, o artista negou, ao lado do advogado Cláudio Bessa, que seja sócio oculto da casa de apostas on-line Vai de Bet. Ainda rechaçou as demais alegações da Polícia Civil de Pernambuco.
“Isso é loucura, nem sei por que estou passando por isso”, disse Gusttavo Lima. “É um assassinato de reputação.”
A investigação sugere que o cantor é dono de 25% da Vai de Bet. No fim de 2023, a empresa firmou um patrocínio milionário com o Corinthians, o que desencadeou outra investigação em São Paulo.
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De acordo com o inquérito, um conselheiro do Corinthians revelou em depoimento que o presidente do clube, Augusto Melo, havia conversado com Gusttavo Lima por telefone. Na ocasião, teria afirmado que o cantor era um dos proprietários da Vai de Bet.
Gusttavo Lima esclareceu que seu contrato lhe dá direito a 25% dos lucros da empresa pelo uso de sua imagem, mas que isso não o torna sócio. Ele ainda brincou que se considera um funcionário como qualquer outro.
O Corinthians declarou ao programa Fantástico, da TV Globo, que o caso está sendo tratado na Justiça e que não lida mais com questões relacionadas à Vai de Bet. André da Rocha Neto, sócio da Vai de Bet, afirmou ao programa que Gusttavo Lima tem direito a 25% da marca, mas nunca foi sócio ou participou da administração.
Venda de aeronaves sob suspeita
A reportagem do Fantástico também revelou que Gusttavo Lima é suspeito de uma venda irregular de duas aeronaves para empresários envolvidos em jogos ilegais. Uma das aeronaves, de propriedade da Balada Eventos, foi vendida duas vezes em um ano para investigados na operação.
A primeira venda ocorreu em 2023, por US$ 6 milhões, para a Sports Entretenimento, de Darwin Henrique da Silva Filho — que a devolveu depois de alegar problemas técnicos. A investigação mostra que o contrato e o distrato foram emitidos no mesmo dia, 25 de maio de 2023, e que o laudo mecânico foi realizado depois da rescisão, em 29 de junho de 2023.
Darwin Filho declarou ao Fantástico que a transação foi lícita e regular e que a quebra de sigilo bancário confirma essa tese. Em fevereiro de 2024, a Balada Eventos vendeu novamente a mesma aeronave, desta vez para a J.M.J Participações, de José André da Rocha Neto, sócio da Vai de Bet e alvo da operação.
A venda, sem laudo de reparo, envolveu R$ 33 milhões e incluiu um helicóptero — que foi devolvido a Gusttavo Lima na negociação. A investigação mostra que as empresas usaram dinheiro de origem tanto lícita quanto ilícita.
Defesa de Gusttavo Lima se manifesta
Gusttavo Lima afirmou na live que não há irregularidades nos contratos e que desconhecia que uma das empresas envolvidas era suspeita de crimes. “Não sei quantos aviões já tive”, disse. “Mas a gente tem de explicar, porque comprar avião não é igual comprar carro.”
A defesa de Gusttavo Lima enviou uma nota ao Fantástic, em que alega que os contratos foram firmados em nome das empresas com seus representantes legais.
A nota também menciona falhas na análise policial por não considerar a data digital do distrato de uma das aeronaves. A defesa de Rocha Neto afirmou ao Fantástico que ele usou o helicóptero como parte do pagamento pelo jatinho da Balada Eventos e que sua movimentação financeira é lícita, em virtude dos negócios diversificados e da prosperidade da família no ramo da construção civil.
Viagem à Grécia
O portal g1 teve acesso a um documento que dá base à ordem de prisão contra Gusttavo Lima, em que a juíza Andréa Calado da Cruz menciona uma viagem do cantor com José André e Aislla Sabrina Truta Henriques Rocha, sócios da Vai de Bet, de Goiânia para a Grécia.
“Na ida, a aeronave transportou Nivaldo Batista Lima (Gusttavo Lima) e o casal investigado, realizando o trajeto Goiânia – Atenas – Kavala”, diz o documento. “No retorno, o percurso foi Kavala – Atenas – Ilhas Canárias – Goiânia, o que sugere que José André e Aislla tenham desembarcado na Grécia ou nas Ilhas Canárias, na Espanha.”
O casal era considerado foragido na época, o que levou a juíza a acusar Gusttavo Lima de conivência. Contudo, uma decisão de Eduardo Guilliod Maranhão, em 23 de setembro, revogou a prisão dos sócios da Vai de Bet e de outros 18 investigados.
Os esclarecimentos de Gusttavo Lima
Durante a live, Gusttavo Lima esclareceu que viajou para a Grécia no dia 1º de setembro e não tinha conhecimento da operação que viria a ocorrer. O advogado Cláudio Bessa reforçou que, no voo de volta ao Brasil, os passageiros eram produtores, assessores e amigos — e não os sócios da Vai de Bet.
“Meu relacionamento com os sócios da Vai de Bet é de muito profissionalismo”, disse o cantor. “Meu contato com eles é 100% profissional.” Rocha Neto também disse ao Fantástico que o primeiro contato com Gusttavo Lima foi para tê-lo como embaixador da Vai de Bet e que frequentaram eventos a convite do cantor, incluindo seu aniversário na Grécia, quando o casal teve a prisão decretada.
O cantor brincou que o investimento no próprio aniversário acabou sendo um “presente de grego” por causa da repercussão negativa. Durante a live, Gusttavo Lima agradeceu o apoio dos fãs. “A partir do dia 4 para cá, fui surpreendido com tantas mentiras, com tantas suposições, com tantas fake news“, afirmou. “Jamais trocaria minha paz por nenhum dinheiro desse mundo.”
A revogação da prisão de Gusttavo Lima foi decretada pelo desembargador Eduardo Guilliod Maranhão. Na decisão, o magistrado afirmou que as justificativas para a ordem de prisão eram “meras ilações impróprias e considerações genéricas”. O Ministério Público pediu mais informações antes de decidir se vai denunciar o cantor.