Lucas Estevam, influenciador digital especializado em viagens, relatou o desespero de sua mãe e do companheiro dele depois de fake news sobre sua morte no acidente aéreo em Vinhedo (SP). Ele contou ao portal g1 que um vídeo publicado dias antes da tragédia, no qual aparece na aeronave, foi usado fora de contexto para espalhar as notícias falsas. “Minha mãe achou que eu tinha morrido.”
Estevam conta que estava em um voo diferente com destino ao Chile no momento do acidente. A coincidência e as notícias falsas geraram transtorno entre seus familiares, amigos e seguidores.
O influenciador também mencionou que vai se casar em menos de duas semanas e que, no momento do acidente, sua mãe e o companheiro dele estavam juntos escolhendo roupas para a cerimônia.
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Segundo ele, ambos ficaram “desesperados” até conseguirem contato. “Quando liguei o telefone, havia várias mensagens perguntando se eu estava vivo”, lembrou. “Minha mãe é uma idosa, uma senhora, então muitas vezes acaba sendo mais vulnerável. Se não estivesse com o meu companheiro, não sei como ela teria ficado”.
Dias antes da tragédia, Estevam compartilhou um vídeo em seu canal ‘Estevam pelo mundo’ sobre a aeronave ATR-72 e destacou sua experiência com a companhia aérea Voepass. No entanto, depois da queda do avião, a gravação adquiriu grande repercussão.
“Fico arrepiado porque fiz esse voo”, conta. “Há 11 dias estava voando no ATR. Meu voo foi tranquilo, não vou dizer que não foi.”
Estevam, conta o g1, afirmou que cria conteúdos sobre viagens há 12 anos para compartilhar suas experiências. Ele, porém, lamentou que suas imagens tenham sido usadas indevidamente na internet para divulgar de forma mentirosa sua própria morte.
“O vídeo é educativo, explicando sobre o avião” afirma o influenciador digital em um story no Instagram. “Parem de mandar essas notícias [sobre a morte dele] para membros da minha família e principalmente postarem sobre. Isso não é brincadeira.”
Ele lamentou o acidente aéreo que deixou 62 mortos na tarde de sexta-feira 9. Ele também disse que em breve se manifestará sobre o caso. “Compadeço das vítimas e das famílias”.
Estevam pede para as pessoas assistirem ao vídeo e não lerem “jornais sensacionalistas”. “Eu tô aqui e tô vivo! O vídeo foi 11 dias antes do acidente.”
Ajustes no vídeo e apelo à sensibilidade
Além da fake news sobre sua morte, alguns interpretaram o vídeo do influenciador como uma “previsão” da tragédia. Por isso, ele alterou o título, que antes era “O perigo de voar no ATR 72 da VOEPASS – antiga PASSAREDO – é seguro ou perigoso?”, para “Voando no ATR 72 da VOEPASS! Como realmente é voar de PASSAREDO?”.
O vídeo passou a incluir uma nota de esclarecimento na descrição. “Nos solidarizamos a todas as vítimas, famílias e amigos da tragédia da VOEPASS”, declarou. “Em respeito a eles, alteramos o título do vídeo para que outros veículos não o utilizem de forma sensacionalista ou enganosa. Não gostaria que ocorresse esse tipo de engajamento. Então peço o respeito de todos”.
“O meu vídeo em si faz sentido, é educativo. Só que a mídia já tendenciou tanto que parece que eu fiz um vídeo prevendo que ia cair o avião”, disse Lucas, que afirmou não aguentar mais receber mensagens sobre o assunto.
O avião com 58 passageiros e quatro tripulantes, totalizando 62 pessoas a bordo, caiu em um condomínio em Vinhedo (SP) na tarde de sexta-feira 9. Não houve sobreviventes. Este é o acidente aéreo com o maior número de vítimas desde a tragédia da TAM, em 2 mil e sete no Aeroporto de Congonhas, que resultou em 199 mortos.
A Voepass Linhas Aéreas declarou que a aeronave envolvida era um turboélice modelo ATR-72, que partiu de Cascavel (PR) às 11h58 com destino a Guarulhos (SP). A Força Aérea Brasileira (FAB) informou que o voo ocorreu normalmente até as 13h20, mas a partir das 13h21 a aeronave não respondeu às chamadas da torre de São Paulo, não declarou emergência nem reportou condições meteorológicas adversas. “A perda do contato radar ocorreu às 13h22”.
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) confirmou que a aeronave estava em condição regular para operar, com certificados de matrícula e de aeronavegabilidade válidos. Os tripulantes estavam com documentação em dia.