A estudante de medicina Larissa Moraes de Carvalho, de 31 anos, está há mais de um ano em estado vegetativo depois de passar por uma cirurgia de correção de mandíbula. A jovem se preparou durante três anos para operar sua “mordida cruzada” — isto é, quando ocorre um adiantamento da mandíbula em relação ao maxilar superior.
A paciente foi levada até ao quarto da Santa Casa de Juíz de Fora, em Minas Gerais, depois de passar pela sala de recuperação pós-anestésica. Segundo a família, Larissa chegou ao local de repouso já em parada cardiorrespiratória.
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“Larissa chegou ao quarto já desacordada, quando me pediram para sair rapidamente”, afirmou o pai da jovem, Ricardo Carvalho. “Minutos depois começaram a chegar muitos profissionais. Foram os piores momentos da nossa vida, pois ninguém nos dava respostas do que aconteceu na cirurgia.”
Ainda de acordo com relatos dos familiares, Larissa teria ficado 17 minutos em parada cardiorrespiratória até chegar o apoio médico. Essa situação teria levado a um quadro grave de lesão cerebral.
A mãe da paciente, Maria Cristina de Carvalho, disse que a jovem não se comunica. Segundo ela, há momentos em que parece que sua filha está em outro mundo. “Ela não está se comunicando”, afirmou. “Em alguns momentos, ela até busca fonte sonora. A gente chama, ela vira o pescoço, e olha. Tem horas que parece que está em outro mundo. Tem momentos mais presentes, com o olhar. Ela não mexe, não se movimenta.”
“Mordida cruzada” acompanha a jovem desde a adolescência
Maria Cristina de Carvalho, mãe da paciente internada, informou que o crescimento maior da mandíbula em sua filha começou logo na adolescência. “Ela tinha a mastigação, mas os dentes de trás não tinham contato com o que ela comia”, explicou Cristina, que atua como coordenadora pedagógica. “Ela evitava comer carne, porque alguns dentes não encontravam o alimento, e era difícil de mastigar […] Esteticamente, não trazia problema pra ela.”
A suspeita da família é de que a paciente tenha tido alguma reação pós-operatória, um risco não detalhado na hora de assinar o consentimento para a realização da cirurgia.
“A descrição cirúrgica registrada em prontuário não detalha os passos adotados em cada etapa do procedimento”, afirmou o pai. “O termo de consentimento livre assinado pela minha filha não detalhava os riscos associados à anestesia geral e nem mencionava diretamente a possibilidade de parada cardiorrespiratória, com sequelas associadas.”
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A família foi informada pelo hospital que a operação tinha acontecido com sucesso e o que aconteceu com Larissa foi uma fatalidade. Ao pedir as imagens internas de segurança para comprovar o que foi dito pelos profissionais, os pais foram informados que os registros só seriam liberados por meio de uma ação judicial.
A família, então, fez uma denúncia ao Ministério Público de Minas Gerais. Em setembro de 2023, o promotor Jorge Tobias de Souza deflagrou uma investigação pela Polícia Civil e o encaminhamento do caso ao Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais.
A Santa Casa de Juiz de Fora informou que não vai comentar o caso fora dos autos judiciais. “Reiteramos nosso compromisso com a transparência e a qualidade no atendimento prestado à toda a comunidade ao longo de nossa história, que soma quase dois séculos.”
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quero nesta oportunidade parabenizar todos os colunista da revista oeste.
A medicina não é uma ciência exata, sempre há um hiato imprevisível entre o início e o término de um ato anestésico-cirúrgico, mesmo com todos os cuidados imagináveis. Os consentimentos que eu já vi para procedimentos cirúrgicos, sempre destacam o risco de reações idiossincrasicas às drogas anestésicas com consequentes riscos de paradas cardíacas e sequelas, caso sejam revertidas. De toda forma, lamentável e muito triste toda essa situação.
Triste demais!!! Risco desnecessário? Negligência? Falta de informação? Ganância dos profissionais? Muita coisa obscura…
“falta de informação”? … que informação ficou faltando? “ganância dos profissionais”? … como assim?