O fenômeno climático La Niña teve início em dezembro. Segundo a mais recente avaliação da Organização Meteorológica Mundial (OMM), entidade ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), sua duração será curta. Esse evento influencia o regime de chuvas e favorece temperaturas mais baixas em diversas partes do planeta, entre elas o Brasil. No entanto, pode perder força nos próximos meses.
De acordo com a OMM, há uma chance de 60% de que as temperaturas do Pacífico Equatorial retornem a um estado neutro entre março e maio. Esse porcentual sobe para 70% entre abril e junho, o que indica um enfraquecimento ainda maior do fenômeno. Antes mesmo da confirmação da atual temporada de La Niña, cientistas da OMM e de outras instituições já alertavam sobre a possibilidade de sua curta duração.
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O mais recente boletim da OMM descarta a possibilidade de um novo El Niño no período de março a junho. Apesar disso, os pesquisadores enfatizam que as previsões de longo prazo apresentam maior grau de incerteza. Isso ocorre especialmente por conta das mudanças sazonais já esperadas.
Eventos naturais como El Niño e La Niña geram variações temporárias no clima global
Eventos naturais, como El Niño e La Niña, geram variações temporárias no clima global. Durante La Niña, as águas do Pacífico Equatorial e Central sofrem resfriamento. Isso provoca mudanças na circulação atmosférica tropical. Como consequência, ocorrem alterações nos padrões de chuva, vento e pressão. No Brasil, a tendência é de aumento das precipitações na Amazônia. No Sul, há redução nas chuvas.
Mesmo com a influência de La Niña, o fenômeno não é suficiente para conter o avanço do aquecimento global. Esse processo é impulsionado pela emissão de gases de efeito estufa gerados por atividades humanas.
A comunidade científica esperava uma leve redução no calor. No entanto, os dados recentes surpreenderam. O primeiro mês de 2025 entrou para a história como o janeiro mais quente já registrado, conforme informações do observatório Copernicus, da União Europeia. Normalmente, recordes de temperatura acontecem durante anos marcados pelo El Niño, fenômeno contrário ao La Niña.
Divulgados nesta quinta-feira, 6, novos dados revelam que fevereiro também registrou temperaturas acima da média. O mês se tornou o terceiro fevereiro mais quente da série histórica. A temperatura média na superfície do ar alcançou 13,36°C, um aumento de 1,59°C em relação à média da era pré-industrial.
Para mensurar o impacto do aquecimento global, os pesquisadores utilizam como referência os valores médios de temperatura entre 1850 e 1900. Esse período antecede a queima intensiva de combustíveis fósseis iniciada na Revolução Industrial. Fevereiro de 2025 se destacou como o 19º dos últimos 20 meses em que a temperatura global ultrapassou 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. Essa marca é vista como um limite crucial para evitar impactos severos das mudanças climáticas, conforme estipulado no Acordo de Paris.
O ano de 2024 já é considerado o mais quente desde o início dos registros. De acordo com o Copernicus, a temperatura média global ficou 1,6°C acima da referência histórica entre 1850 e 1900. No entanto, especialistas afirmam que o rompimento definitivo do limite de 1,5°C ainda não aconteceu. Para isso, seria necessário manter esse nível de aquecimento por aproximadamente duas décadas.
Além das altas temperaturas, as mudanças climáticas também se refletem em outros fatores ambientais. Os dados mais recentes revelam que a cobertura global de gelo marinho atingiu um mínimo histórico no começo de fevereiro. Na Antártida, a extensão do gelo marinho ficou 26% abaixo da média. Esse valor marcou a quarta menor cobertura já registrada para o mês.