Na última semana, o TikTok transformou o prédio do Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, em uma livraria temporária. No mesmo endereço onde funcionava a tradicional Livraria Cultura, a plataforma de entretenimento realizou uma ação para distribuir 100 mil livros gratuitamente. A reportagem é da Folha de S.Paulo.
Entre quarta-feira passada, 11, e esta terça-feira, 17, bastava apresentar um CPF e escolher até cinco livros.
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Contudo, a tarefa se tornou mais desafiadora com o passar dos dias: pessoas começaram a chegar de madrugada na chamada Livraria dos Mais Assistidos no TikTok, enfrentando filas de mais de dez horas para passar apenas cinco minutos dentro da loja.
Victor e Maria Victória, de 17 anos, foram ao local na quinta-feira, 12, às 8h, duas horas antes da abertura, mas desistiram ao meio-dia depois de testemunharem problemas.
“Aqui estava uma confusão”, disse Victor à Folha. “Ainda não tinha grades organizando, aí as filas se juntaram e muita gente começou a cortar a fila. Deu briga.”
Apesar disso, os dois retornaram na segunda-feira, 16, às 7h, e conseguiram os livros desejados.
“O movimento que presenciamos durante esses dias mostrou o quanto o brasileiro ama ler e como o TikTok se tornou um ponto de conexão para a comunidade literária”, afirmou à reportagem a diretora global de marketing do aplicativo, Carol Baracat. “Por isso, desde a abertura da livraria, realizamos ajustes em nosso atendimento para oferecer uma experiência cada vez melhor ao público.”
Para lidar com a demanda, a livraria improvisada passou a abrir duas horas mais cedo e incluiu grades para organizar as filas depois de perceber aglomerações no início do dia.
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Enquanto o TikTok mobiliza multidões com sua distribuição gratuita, “livrarias no Brasil vivem na UTI”, afirma Johanna Stein, proprietária da Gato sem Rabo, livraria independente de São Paulo dedicada a obras de autoras mulheres. Para ela, a ação foi incoerente e prejudicial ao setor.
“O que constatamos em conversas entre livreiros é que se esses 100 mil livros tivessem sido comprados de livrarias independentes, uma ação como essa poderia ter contribuído de maneira relevante para que nossos espaços continuem existindo”, afirma Johanna à Folha.
TikTok diz que comprou livros diretamente de editoras
Segundo o TikTok, os exemplares foram comprados diretamente das editoras. Embora reconheça o mérito de incentivar a leitura, Johanna acredita que “faltou o cuidado com os espaços que estão na ponta mais frágil da cadeia do livro e resistindo duramente ao ritmo alienante do nosso tempo”.
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Já Rui Campos, dono da Livraria da Travessa e diretor da Associação Nacional de Livrarias, classificou a ação do TikTok como “oportunista e predatória” e “uma agressão ao ecossistema do livro”.
“O TikTok conquistou um espaço prestigiando e sendo prestigiado pelo público leitor, mas as livrarias são o grande local de encontro entre livros e leitores”, diz o livreiro. “Essa ação drena a remuneração fundamental de que eles precisam.”
Ele também apontou a falta de diversidade entre os títulos disponíveis. Enquanto uma unidade da Travessa oferece cerca de 50 mil livros, a livraria do TikTok “é temporária, insustentável e limitada a 30 títulos”, descreve ele.
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Procurado pela Folha, o TikTok não quis comentar as críticas recebidas nem forneceu números exatos sobre os livros distribuídos até a tarde de terça-feira 17, último dia da ação. Informou apenas que alguns títulos, como Ainda Estou Aqui, de Marcelo Rubens Paiva, já estavam esgotados.
Estultícia
É fato que os livros aqui custam caro.
É claro que as pessoas querem ganhá-los.
Mas ainda não é claro, para muita gente, que colaborar com ditaduras é contribuir para a escravização dos outros ou de nós mesmos.
Máfia das livrarias se sente ameaçada frente a Democratização gratuita da leitura.
Não tinha pensado nisso. Boa. “Democratização gratuita da leitura”, foi demais. As pessoas que vivem da impressão de livros, de suas vendas, os autores que ganham com suas obras, os fornecedores de papel para impressão, vão dar tudo de graça e aderir ao bolsa família. Genial. Um lindo sonho “socialista”.
Como uma plataforma chinesa, o que estão fazendo é conquistar a simpatia dos jovens para China. Nada mais é do que o modo agressivo como a China ocupa cultural e comercialmente o Brasil e outros países ditos “emergentes”, expandindo-se no mundo ocidental. Todos sabemos que a extrema-esquerda que está no poder adora a China e busca uma aproximação cada vez maior. Provavelmente esse pessoal está adorando essa iniciativa da TikTok. Restaria saber se essa plataforma dispunha das necessárias licenças da prefeitura e outros órgãos para promover essas doações e aglomerações de pessoas. Pelo que se deduz da reportagem, não tinham organização para receber a multidão e ocorreram tumultos. Tudo feito no “padrão chinês” de organização e serviços, na base do “vamo-que-vamo”.