Matheus da Silva Rezende tinha 24 anos e estava sendo investigado por, pelo menos, 20 assassinatos. Ele era o homem de confiança do tio, Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, chefe da maior milícia da zona oeste do Rio, conhecida como “Bonde do Z” ou “Família Braga”. O bandido era o segundo na hierarquia da facção criminosa.
Conhecido como “Faustão Teteu” ou “Senhor da Guerra”, Matheus praticava extorsão, receptação, corrupção ativa e homicídios. O tio Zinho é o responsável pela guerra de facções e pela união entre o tráfico de drogas e as milícias na região.
Ele morreu depois de ser baleado, nesta segunda-feira, 23, em uma troca de tiros com a Polícia Civil, na comunidade Três Pontes, em Santa Cruz, na zona oeste do Rio.
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O governador Cláudio Castro (PL) parabenizou a ação da polícia. “Há quem diga que ele [Matheus] estava sendo preparado para ser o sucessor do Zinho”, disse.
Matheus tinha um cargo de liderança. Em setembro deste ano, junto de outros cinco, foi denunciado pela morte do ex-vereador Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho, e de seu amigo Maurício Raul Atallah, ocorrida em agosto de 2022, no bairro de Campo Grande, na zona oeste da cidade.
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) afirma que Matheus é um dos atiradores no assassinato. O motivo do crime foi a disputa de poder. Zinho teria descoberto um plano para que Jerominho e seu irmão Natalino José Guimarães, retomassem a liderança da organização criminosa na zona oeste.
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Zinho herdou o comando da organização depois da morte de seu irmão, o Wellington da Silva Braga, conhecido como Ecko, em 2021.
Um criminoso na política carioca
Jerominho, um dos assassinados por Matheus, foi vereador do Rio de Janeiro entre os anos de 2000 e 2008. Ele era o fundador da milícia privada conhecida como “Liga da Justiça”, uma organização criminosa responsável pela prática de homicídios e extorsões.
Segundo o MP-RJ, o vereador miliciano fazia cobrança de taxas de segurança a comerciantes e moradores da zona oeste, principalmente no bairro Campo Grande.
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Ele foi preso em 2007 e ficou na cadeia até 2018. Durante o período de reclusão, perdeu a liderança na milícia que ajudou a criar. Ao ganhar a liberdade, traçou um plano para retomar o controle da organização criminosa. Nessa época, a “Liga da Justiça” já era comandada pela chamada “Tropa do Zinho” ou “Tropa do Zorro”, sob a liderança de Zinho e seu sobrinho Matheus.