O Rio Madeira registrou um nível de 2,07 metros em Porto Velho, Rondônia, nesta terça-feira, 6. A medida é a mais baixa para este período do ano desde o início dos registros, em 1967.
Em julho, o nível já era preocupante, com 2,45 metros, também a menor marca para o período. Os dados são do Serviço Geológico do Brasil (SGB).
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O nível historicamente baixo do Rio Madeira em Porto Velho gerou preocupações. A Prefeitura de Porto Velho recomendou que a população use água apenas de forma essencial. A situação reflete as seguidas estiagens na Região Norte do Brasil.
A região tem enfrentado os impactos de secas consecutivas nos últimos anos. Em 6 de outubro, por exemplo, o SGB registrou 1,10 metro no Rrio Madeira, a menor cota histórica.
Estiagem e fatores climáticos que podem ter afetado o nível do rio
Marcus Suassuna, engenheiro hidrólogo do SGB e responsável pelo monitoramento da Bacia do Rio Madeira, informou que a média histórica para agosto é de aproximadamente 5,3 metros. Ou seja, a situação atual está mais de 3 metros abaixo do normal.
“O fator principal é a chuva abaixo da média”, afirmou Suassuna. “Há uma anomalia de chuva significativa sobre toda a Bacia Amazônica.”
Em relação às mudanças climáticas, o especialista explica que fenômenos como o El Niño mostram sinais mais evidentes em um planeta mais quente.
Segundo o município, o transporte pelo rio está com capacidade reduzida. “Para a segurança das pessoas, a Defesa Civil Municipal não recomenda que banhistas frequentem as praias do Madeira, por causa do perigo de afogamentos e ataques de animais como jacarés, cobras e arraias, entre outros”, informa.
Redução do impacto
A prefeitura explicou à Agência Brasil que, nas próximas semanas, cerca de 120 mil litros de água serão distribuídos para comunidades ao longo do Rio Madeira. O apoio deve continuar nos meses de setembro e outubro, conforme cronograma a ser definido pela Defesa Civil.
“Por meio de transporte terrestre, 338 famílias cadastradas das comunidades Silveira, São Miguel, Mutuns, Pau D’Arco, Cujubim, Bom Jardim e Marmelo serão abastecidas com fardos de água mineral”, afirmou, em nota, o município. “Já pelo meio fluvial, as embarcações contemplarão 78 famílias das comunidades de Curicacas, Pombal, São José, Ilha Nova e Conceição do Galera.”
O SGB informou que realiza estudos no Estado, em parceria com outros órgãos e prefeituras. As análises servem para identificar os melhores locais para a perfuração de poços destinados ao abastecimento público, para garantir água de qualidade para a população.
Para reverter a situação, é necessário chover principalmente na Bolívia, já que 75% da Bacia do Rio Madeira está no país vizinho.
Ainda de acordo com a prefeitura, as equipes da Defesa Civil verificam as condições dos poços amazônicos que abastecem as casas e distribuem hipoclorito de sódio para purificar a água para o consumo humano.
Bacia do Rio Amazonas
Em 30 de julho, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico declarou situação de escassez quantitativa de recursos hídricos nos rios Madeira e Purus e seus afluentes, que correm no sudoeste do Amazonas.
Uma semana antes, o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional reconheceu a situação de emergência na capital e em mais 17 cidades do Estado que enfrentam a seca severa.
De acordo com Marcus Suassuna, a situação também é crítica nas bacias dos rios Acre e Tapajós, o que pode ter consequências em outros Estados da região amazônica, como Acre, Pará e Amazonas.
No Madeira, estão localizadas as usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio. O rio também serve como importante hidrovia para transporte de carga e passageiros.
O trecho navegável de 1 km entre Porto Velho e Itacoatiara (AM) transportou mais de 6,5 toneladas em 2022, o que corresponde a 9% do total transportado por vias interiores no Brasil.
A manchete não faz sentido do ponto de vista lógico. O correto seria “Nível do rio Madeira atinge maior baixa em quase 60 anos”. Do ponto de vista da comunicação, o melhor seria “Rio Madeira atinge menor nível em…”