Em São Paulo, o paciente Paulo Peregrino voltou a fazer caminhadas quase 90 dias depois de passar por um tratamento inovador contra o câncer. O publicitário lutava contra a doença havia 13 anos e conseguiu a remissão completa do linfoma.
O homem de 61 anos, que começou a combater o primeiro linfoma em 2018, relatou seu progresso ao site G1. “Desde a alta, praticamente não parei de caminhar”, disse.
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Peregrino acrescentou que, “no começo, eram caminhadas curtas, de cerca de 10 minutos”. Agora o homem diz caminhar por mais tempo. “A fisioterapeuta ficou impressionada e orgulhosa quando me viu caminhando”, contou.
Peregrino iria começar a receber cuidados paliativos — quando o paciente já não tem chance de cura. No entanto, entre março e abril deste ano, ele se tornou o 14º paciente a ser tratado pela terapia CAR-T Cell, técnica que utiliza as próprias células de defesa do paciente, modificadas em laboratório.
A iniciativa faz parte de um estudo financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Como funciona o tratamento do paciente que teve remissão completa do câncer e voltou a andar?
Assim como Peregrino, todos os pacientes tratados com esse método tiveram remissão de, pelo menos, 60% dos tumores. Ele fez a recuperação no Sistema Único de Saúde (SUS).
Embora mostre resultados positivos, a técnica é utilizada em poucos países. No Brasil, no segundo semestre, 75 pacientes devem ser tratados com o CAR-T Cell.
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O Estado deve custear os tratamentos, depois da autorização da Anvisa para o estudo clínico. Atualmente, a terapia só existe na rede privada brasileira, ao custo de pelo menos R$ 2 milhões por pessoa.
“Para disponibilizá-lo à população brasileira, é necessário obter um financiamento do tratamento para 75 pacientes com linfoma e leucemia e gerar os dados clínicos que permitam o registro do produto na Anvisa”, explicou Dimas Costa, coordenador do Centro de Terapia Celular CEPID-USP e do Núcleo de Terapia Celular do Hemocentro de Ribeirão Preto. Ele é responsável pelo desenvolvimento da versão brasileira dessa tecnologia.
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Viva a Ciência! Viva o SUS!!!