Édson Almeida, pai de Édson Davi, o menino de 6 anos que desapareceu há um mês na Praia da Barra da Tijuca, no Rio, fez um desabafo neste domingo, 4, durante um protesto no local do sumiço filho. “Me criticar sem conhecer minha realidade é fácil”, disse. “Estão me matando todos os dias. Jamais descuidei do meu filho. Davi é a nossa riqueza.”
Frequentador de uma igreja Batista no bairro do Recreio, zona oeste do Rio, Almeida disse que a família está se segurando graças à fé: “Eu sei que muita gente está me criticando, inclusive nas redes sociais”, contou. “Estão me matando todos os dias.”
+ Leia mais notícias do Brasil em Oeste
A fala de Almeida aconteceu um dia depois de a delegada titular da Delegacia da Descoberta de Paradeiros (DDPA), Elen Souto, ter feito declarações em que diz não ter dúvidas de que faltou “vigilância e cautela” por parte do pai da criança.
Almeida estava trabalhando na barraca de alimentos e bebidas da família, localizada na areia da praia, quando o filho sumiu há um mês, no dia 4 de janeiro, por volta das 17h.
Em entrevista ao Globo, o pai assegurou que, embora ele estivesse atendendo três famílias no momento em que o filho desapareceu, o menino estava acostumado a acompanhá-lo ao trabalho na praia, inclusive em dias de movimento ainda mais intenso.
“Ele estava acostumado, não saia muito de perto. Nunca tive problemas, mesmo com a praia lotada”, afirmou. “Aquele dia estava nublado e não tinha tanto movimento assim. Ele tinha medo da água, jamais entraria no mar sozinho. Se ele entrasse na água, o pessoal que estava ali iria me avisar.”
Leia também: “‘Houve falta de vigilância e cautela do pai’, diz delegada, sobre o menino Édson Davi”
As investigações mostraram que a barraca de Almeida era a mais movimentada do Posto 4 naquele final de tarde.
“A falta de atenção ocorreu em razão do trabalho”, disse a policial. “O pai estava atendendo cerca de 60 pessoas sozinho. Tivemos acesso às máquinas de cartões e constatamos que, às 17h, horário em que o menino não foi mais visto, todas as barracas estavam fechando as contas.”
Casal está vivendo com a ajuda de outros barraqueiros
Almeida revelou que ele e a esposa estão há um mês sem trabalhar. A família está vivendo graças a uma vaquinha feita por outros barraqueiros para ajudá-los, enquanto o casal se dedica tanto às buscas por Edson Davi quanto aos cuidados com o filho mais novo, de quase 3 anos, que é autista.
Família insiste na hipótese de sequestro, polícia descarta
Assim como sua esposa e mãe do menino, Marize Araújo, Almeida também não acredita na hipótese de afogamento, a principal linha de investigação da polícia.
“Meu coração de pai tem certeza que não foi afogamento, alguém levou ele”, insiste Almeida. “O que queremos é nosso Davi de volta.”
Leia também: “Mãe de Édson Davi descarta afogamento e sustenta tese de sequestro”
A delegada do caso, porém, assegura que nenhum indício aponta para a possibilidade de sequestro.
“Nem todo corpo afogado aparece, principalmente no mar da Barra”, explicou Elen. “Ele pode ficar preso em pedras, bem como ser direcionado para alto-mar.”
Em vista das correntes marítimas e a possibilidade de deslocamento da vítima para locais mais distantes da costa, a corporação ampliou a área de atuação.
Mergulhadores estão de prontidão caso surjam novos indícios. A operação de buscas pelo menino segue sem previsão de encerramento.
IML analisa restos mortais encontrados na praia
Os banhistas encontraram na noite desta sexta-feira, 2, uma ossada na praia perto do local onde Édson Davi desapareceu. O material foi recolhido pelo Corpo de Bombeiros e levado para o Instituto Médico-legal (IML), onde os peritos estão analisando os restos mortais para saber se são do menino.