PCC e CV formam aliança inédita, revela relatório do Ministério da Justiça

Um relatório da Secretaria Nacional de Políticas Penais do Ministério da Justiça e Segurança Pública sugere a formação de uma aliança entre duas das maiores facções criminosas do Brasil: o Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo, e o Comando Vermelho (CV), do Rio de Janeiro.

Segundo a TV Globo, esse pacto envolve um acordo entre os advogados das facções. O acerto foi arquitetado por membros do alto escalão dos grupos. A trégua, conforme reportado, já teria sido implementada nas ruas. Há uma ordem para interromper os assassinatos entre os dois grupos.

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Ambas as facções, PCC e CV, são as únicas a ter alcance nacional. Elas são vistas como as mais poderosas organizações criminosas do país. Sua atuação inclui o tráfico de drogas e armas. Isso extrapola as fronteiras do Brasil e afeta diretamente países vizinhos. Para manter o poder, os membros dessas facções precisam fazer contribuições mensais. Além disso, estão envolvidos em diversas atividades ilícitas.

O acordo busca fortalecer facções

Com esse acordo, o objetivo declarado foi fortalecer as facções. O intuito é facilitar a negociação de condições mais favoráveis para os presos de alta periculosidade no sistema penitenciário federal. As penitenciárias federais no Brasil estão localizadas em cidades como Catanduvas (PR), Campo Grande (MS), Porto Velho (RO), Mossoró (RN) e Brasília (DF).

Essas unidades fazem parte de uma estratégia que visa a dispersar os membros das facções e dificultar a comunicação entre eles. No entanto, locais como esses ainda abrigam líderes como Marcola, do PCC, e Fernandinho Beira-Mar, do CV.

Tais estabelecimentos prisionais mantêm os detentos em celas isoladas e compactas, de 6 m². A estrutura é mínima, contém apenas cama, pia, sanitário, chuveiro e assento. As visitas acontecem apenas por meio de parlatórios ou videoconferências. Não há tomadas elétricas nos quartos. A energia dos chuveiros e das lâmpadas é controlada por horários específicos.

Trégua entre PCC e CV é realidade em capitais

A investigação sobre o acordo entre as facções conta com o auxílio de mensagens de texto e gravações. Em uma delas, o PCC confirmou a aliança com o CV. O grupo paulista afirmou que os homicídios entre membros das duas facções estão proibidos em todos os Estados do Brasil.

Outra mensagem revela que, desde a última terça-feira, 11, o CV vetou qualquer ataque aos membros do PCC. O promotor Lincoln Gakiya, especializado em investigar o PCC e membro do Ministério Público de São Paulo, declarou que a trégua já é uma realidade nas capitais brasileiras. De acordo com ele, essa aliança pode ter consequências graves para a segurança pública do país.

“No Rio de Janeiro e em São Paulo, já houve essa trégua”, disse Gakiya. “A união das duas maiores organizações criminosas do país pode levar a um incremento no tráfico internacional de cocaína, no tráfico de armas para o Brasil. É um compartilhamento de rotas e, sobretudo, fortalecimento ainda maior dessas organizações criminosas.”

Além de mensagens e gravações, a investigação inclui registros de conversas entre os detentos e seus advogados, que foram autorizadas judicialmente. Essas gravações podem revelar mais detalhes sobre os planos e a profundidade dessa aliança entre o PCC e o CV.