No início deste mês, a Polícia Civil de São Paulo interceptou uma carga de 216 kg de cocaína em um caminhão de celulose. A apreensão ocorreu perto da estação ferroviária de Jundiaí. A diligência reforçou a suspeita de que o Primeiro Comando da Capital (PCC) usa uma rota ferroviária para evitar a fiscalização rodoviária e transportar drogas do interior paulista até o Porto de Santos, de onde são enviadas para a Europa.
As informações são do portal Metrópoles. O Deic de Santos, por meio de sua segunda Delegacia de Entorpecentes, já monitorava o caminhão suspeito. Durante uma abordagem inicial, nada ilegal foi encontrado. No entanto, o comportamento nervoso do motorista levantou suspeitas adicionais.
Ele foi levado à sede da polícia no litoral sul, onde uma nova inspeção no veículo revelou a droga escondida. O motorista, de 41 anos, foi preso em flagrante e optou por permanecer em silêncio durante a audiência de custódia, que converteu sua prisão em preventiva.
A rota do PCC
As investigações revelam que os tabletes de pasta base seriam levados ao terminal de carga da empresa Contrail e, de lá, seguiriam para o Porto de Santos pela Estrada de Ferro Santos–Jundiaí, operada pela MRS Logística.
A polícia acredita que o PCC encontrou na rota ferroviária uma alternativa eficaz para contornar a fiscalização da Polícia Militar Rodoviária no sistema Anchieta–Imigrantes.
O Porto de Santos é um ponto estratégico para o tráfico, gerando cerca de R$ 10 bilhões anuais para o PCC, conforme estimativas do Ministério Público de São Paulo. A facção despacha aproximadamente 60 toneladas de cocaína por ano para a Europa e a África.
Na terça-feira 15, foram apreendidos 792 kg de cocaína em um terminal do Porto de Santos. A droga estava em um contêiner de café com destino à Turquia. Dois homens, de 35 e 44 anos, foram presos, sob acusação de tráfico internacional de drogas.
Suspeitas sobre o transporte
A polícia suspeita que o contêiner com a droga tenha chegado ao terminal de carga por trem, recebido um lacre falso e sido enviado ao “Porto Seco” para embarque. Um dos suspeitos confessou que receberia R$ 150 mil pelo transporte da droga.
Enquanto isso, a equipe de investigação da Polícia Civil de Santos, junto com o Setor de Inteligência da Polícia Militar, está mapeando as rotas ferroviárias usadas pelo PCC. Eles também apuram possíveis envolvimentos de funcionários de empresas de carga e concessionárias ferroviárias.
Até o momento, não há suspeitas formais sobre tais envolvimentos. Um membro da cúpula da Polícia Militar, sob anonimato, comentou ao Metrópoles que não se sabe desde quando a facção utiliza massivamente a rota ferroviária para transportar drogas.
Ele destacou que “a suspeita é que o esquema de transporte de drogas pelos trilhos tenha se intensificado nos últimos anos com o aumento da fiscalização nas rodovias”.
“Nós achávamos estranho o fato de a Polícia Rodoviária não fazer tantas apreensões de droga no sistema Anchieta–Imigrantes quanto em outras regiões do Estado”, disse. “Nós suspeitávamos de corrupção. Mas é possível que o crime organizado esteja realmente evitando o transporte de drogas pelas rodovias.”
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