A enchente que ocorreu em 2 de maio causou grandes danos na propriedade de Vernei Kunz, de 60 anos, no interior do Rio Grande do Sul. Aproximadamente 4 mil porcos foram levados pela cheia do Rio Forqueta, em Travesseiro, a 180 km de Porto Alegre. O pecuarista concedeu entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, nesta quarta-feira, 29.
“Choveu muito nos municípios mais para cima”, explicou Kunz. “A água veio pelo rio e aí levou tudo junto. Umas 700 porcas, matrizes suínas, conseguimos salvar. Mas era muito animal, a gente não conseguiu tirar todos eles.”
+ Leia mais notícias de Brasil em Oeste
Dos 11 chiqueiros existentes na propriedade, nove foram destruídos pela enchente. “É muito escombro, muita área construída, muito entulho”, disse Kunz. “Ficou madeira, muita coisa entrou nos galpões, árvores enormes no meio.”
Quase um mês depois da tragédia, o produtor disse que pretende usar uma parte da propriedade para fazer lavoura. Ele, contudo, ainda não tem planos totalmente definidos.
Cidade do Rio Grande do Sul fica isolada
A cidade de Travesseiro possui 2,1 mil habitantes, conforme o Censo Demográfico 2022. A cidade pertence ao Vale do Taquari, uma região devastada pela recente tragédia que atingiu o Rio Grande do Sul.
A economia da cidade é fortemente baseada na agricultura e na pecuária. Além de afetar a produção, a enchente também criou um gargalo logístico para a população local, já que arrancou uma ponte sobre o Rio Forqueta.
A construção era o principal acesso de Travesseiro ao município vizinho de Marques de Souza e à BR-386 — uma das principais rodovias do Rio Grande do Sul. Sem a travessia, o transporte de pessoas e de mercadorias, que inclui insumos para a agropecuária, fica comprometido.
Leia também:
É necessário fazer deslocamentos mais extensos. Com o drama, moradores locais até organizaram uma campanha via Pix para levantar recursos para a construção de outra ponte. A Prefeitura de Travesseiro anunciou que R$ 4,1 milhões foram aprovados pelo governo federal para o projeto.
Até a sexta-feira 24, a tragédia havia deixado um prejuízo de R$ 10,4 bilhões para o Rio Grande do Sul, de acordo com levantamento da Confederação Nacional de Municípios. O montante inclui perdas de R$ 2,7 bilhões para a agricultura e de R$ 245,4 milhões para a pecuária, informa a entidade.
“Tem de levar adiante, ver como vai ficar agora”, afirmou Kunz, que trabalha com criação de suínos há 42 anos. “Tem de se recompor de alguma forma.”