Um fato inusitado movimentou a Delegacia Seccional de Presidente Prudente, em São Paulo, na tarde do dia 25 de fevereiro. Um policial civil registrou um boletim de ocorrência em forma de poesia, descrevendo um furto a uma residência no bairro Jardim Everest.
A informação foi publicada pelo portal UOL nesta quinta-feira, 30. O delegado Eduardo Iasco Pereira, chefe da equipe de plantão, desconsiderou o documento e, três dias depois, ordenou que outro boletim fosse lavrado de acordo com as normas da Polícia Civil.
A vítima do furto, um morador da Rua Barros Silva, relatou que um ladrão invadiu sua casa durante a madrugada e levou uma lavadora de alta pressão, uma tampa de tanque de combustível, 20 litros de gasolina e outros 20 litros de etanol.
O policial Alan Douglas Silva foi o responsável pela primeira versão do boletim, que tinha um tom poético. Ele começou narrando o furto de maneira lírica e, no segundo parágrafo, destacou a ausência de equipamentos de segurança no local.
No terceiro parágrafo, continuou a poesia explicando que o ladrão cometeu um erro na cena do crime e mencionou a falta de testemunhas. O documento foi finalizado com críticas à insegurança e um apelo por justiça. Confira o texto:
“Na mansidão do silêncio noturno, permeada pela penumbra que abraça os segredos da calada madrugada, o vilão de nossa trama, qual sombra furtiva, penetrou na propriedade da respeitável vítima. Neste ato de profanação, destemido e sorrateiro, desfez a barreira da intimidade alheia e arrebatou consigo os objetos que figuram na relação dos despojos.
À propriedade da vítima coube servir de palco para a execução deste sórdido enredo. Na ausência de sentinelas visuais, as câmeras de monitoramento permaneceram omissas, incapazes de registrar os passos furtivos do agente do mal. Deixou sua marca indelével como um sinal no trilho do rastejar do agressor, tal o rastro de uma serpente que insinua sua presença.
Ao sabor do destino, este registro serve como crônica dos eventos que se desenrolam na quietude da noite, evocando uma afronta à segurança, e trazendo à tona a necessidade imperiosa de restabelecer a paz usurpada.
E assim, como pluma ao vento, se finda o relato, aguardando a justiça como derradeira sentença, na esperança de que a luz da verdade dissipe as trevas que encobrem este capítulo indesejado da existência da vítima.”
A nova versão do boletim de ocorrência
A segunda versão do boletim de ocorrência foi redigida no dia 28 de fevereiro pelo investigador Cesar Alberto Pereira Pinto, a pedido do delegado, que considerou que a primeira versão não estava de acordo com os padrões técnicos exigidos.
O novo documento, mais direto e conciso, contém apenas quatro linhas. Nele, a vítima relata os objetos furtados e informa que não havia câmeras de segurança nem testemunhas do ocorrido.
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Novo Casttro Alves à vista. Gostei…!
Esse Delegado merece ir para a Academia Paulista de Letras, antes de qualquer outra manifestação das autoridades judiciárias.