O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), disse que não há imóveis suficientes para tantos desabrigados. Entre os desafios significativos que a capital gaúcha enfrenta após as enchentes devastadoras está a acomodação das cerca de 15 mil pessoas que perderam suas casas na cidade, um número que pode dobrar, segundo suas estimativas.
“Em alguns abrigos a gente vai conseguir estender um pouco mais o tempo”, disse o prefeito. “Mas 30 dias num abrigo, 15 dias, você sabe, começa a ter todo tipo de problema, de convivência, de relações com voluntariado, relações com os agentes. E muitos estão instalados, por exemplo, em escolas, que precisarão retomar as aulas.”
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Melo expressou a urgência de resolver a moradia dessas pessoas. O prefeito destacou a falta de imóveis disponíveis e a necessidade de um plano de habitação pelo governo federal.
“Essa demanda não é só minha”, disse Melo. “Eu expressei isso, mas essa é uma expressão também de todos os prefeitos [das cidades afetadas].”
Melo também respondeu às críticas sobre a suposta negligência na manutenção do sistema de proteção contra enchentes e admitiu que as medidas atuais são insuficientes e que é preciso revisar todo o sistema.
Durante uma vistoria na área do Estádio Beira-Rio, na orla do Lago Guaíba, Melo mencionou ter contratado a consultoria norte-americana Alvarez & Marsal. Ele afirmou que a empresa pode ajudar a captar fundos para a reconstrução da capital e que, na condição de prefeito eleito, tem prerrogativa para tomar tal decisão.
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Esforço conjunto
Em relação à cooperação com o governo federal e o governo do Estado, Melo destacou a importância de trabalhar em conjunto, especialmente em tempos de crise, e falou que mantém uma boa relação com o governador, Eduardo Leite (PSDB), e com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Melo enfatizou que a crise exige esforços conjuntos e complementares.
“Nós estamos todos do mesmo lado”, afirmou Melo “Quando vem uma crise desse tamanho, se alguém quiser politizar um debate desse, me desculpe, não contem comigo.”
Na entrevista, o prefeito também falou sobre as opções de moradia temporária e permanente para os desabrigados, incluindo a compra assistida de imóveis, bônus-moradia, aluguel social e moradia solidária.
Ele enfatizou a complexidade da situação, que envolve não apenas a necessidade de moradia, mas também questões econômicas e sociais, dado que muitos dos afetados são de baixa renda e estavam cadastrados no CadÚnico.
Os desafios
Quanto à possibilidade de criar uma cidade provisória para 10 mil habitantes na zona norte, Melo esclareceu que não há espaço suficiente em Porto Alegre para tal e que a ideia foi mal interpretada pela mídia.
Respondendo às críticas sobre a manutenção do sistema antienchente, Melo reconheceu que, embora investimentos tenham sido feitos, como o projeto Arroio Areia, de R$ 108 milhões, eles não foram suficientes. Ele defendeu sua gestão e destacou a complexidade do orçamento e a necessidade de revisão contínua do sistema de contenção de enchentes.
Melo afirmou que não está focado na reeleição, mas em cumprir seu mandato com responsabilidade.
Sob a égide do governo, nas três esferas, o futuro do gaúcho é sombrio. Que Deus os proteja.