O anúncio da renovação do contrato do técnico Carlo Ancelotti com o Real Madrid até 2026 na sexta-feira 29 deixou a cúpula da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) surpresa.
Membros da entidade lamentaram a prorrogação do vínculo do treinador italiano com o clube espanhol. Ancelotti era cotado para assumir a seleção brasileira a partir de junho de 2024.
A expectativa da CBF era de que o técnico se manifestasse sobre a instabilidade política da entidade somente depois de suas eleições, no primeiro semestre de 2024.
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Intervenção na CBF influenciou renovação de Ancelotti com Real
Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, dirigentes da confederação atribuem à intervenção da Justiça na presidência da entidade como causa para o acerto com Ancelotti falhar.
No início deste mês, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) destituiu o presidente Ednaldo Rodrigues e nomeou um interventor para assumir temporariamente o comando da CBF e promover eleições em um prazo de 30 dias úteis.
O TJ-RJ decidiu que o comando provisório da entidade deveria ficar com José Perdiz de Jesus, que deixou o cargo de presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) para assumir a CBF.
“Como um técnico vai assinar contrato com um interventor que vai ficar apenas 30 dias no cargo?”, questionou um dirigente da confederação em entrevista ao Estadão. “Vendo a estabilidade na CBF, o Ancelotti resolveu definir logo o seu futuro”, afirmou.
Rodrigues afirmou mais de uma vez que o técnico tinha acordo verbal com a entidade para assumir o comando da seleção brasileira. Porém, o então presidente da CBF nunca apresentou documentos ou o suposto pré-contrato com Ancelotti.
Publicamente, o italiano nunca confirmou o acerto e afirmava que tinha vínculo com o Real até junho de 2024, definindo seu futuro depois do fim do contrato.
Ambiente ‘horrível’ e Fifa
Atualmente, o ambiente interno na CBF é considerado “horrível” devido à instabilidade política e porque a destituição de Rodrigues ocorreu no início do recesso da entidade. Na prática, a confederação está paralisada, com pendências acumuladas.
Além disso, a entidade corre risco de ser punida punição por parte da Federação Internacional de Futebol (Fifa), que não reconhece o interventor como legítimo presidente da CBF.
A Fifa já avisou que só reconhecerá o pleito após visitar o país na semana de 8 de janeiro para entender melhor a situação.