Uma crise de saúde se instalou no Rio Grande do Sul em decorrência da catástrofe climática que afetou diretamente pelo menos 364 cidades. Com a infraestrutura comprometida pelas inundações, o Estado iniciou a operação de hospitais de campanha desde o último domingo, 6.
+ Leia mais notícias de Brasil em Oeste
O Rio Grande do Sul enfrenta desafios para garantir o suprimento de insumos médicos essenciais. A situação levou a suspensão de cirurgias, consultas e outros procedimentos tanto em redes públicas quanto privadas.
“A situação é caótica, dramática no Estado do Rio Grande do Sul”, descreveu Cacildo Goulart Delabary, presidente do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Rio Grande do Sul (Cosems), ao jornal O Estado de S. Paulo.
Leia também: “Marinha envia seu maior navio de guerra para o Rio Grande do Sul”
“Há municípios que estão mais de 90% debaixo de água, que não têm unidades de saúde funcionando”, acrescentou. A expectativa é que a água vai levar pelo menos dez dias para recuar para níveis seguros na capital Porto Alegre.
Canoas, a terceira maior cidade do Estado e parte da Região Metropolitana de Porto Alegre, é um dos locais mais afetados. No município, grande parte da rede de saúde está inutilizável, conforme o prefeito Jairo Jorge (PSD).
Diversas unidades de saúde, incluindo o hospital de pronto-socorro, unidades de pronto-atendimento e farmácias municipais foram impactadas e estão fora de operação.
Leia mais: “Oeste arrecada R$ 1,8 milhão para o Rio Grande do Sul”
A dificuldade de acesso às regiões afetadas é um dos principais obstáculos enfrentados para o envio de pacientes a hospitais regionais e para o fornecimento de insumos. Algumas áreas estão isoladas, com bairros e até hospitais evacuados depois de terem sido inundados. No domingo, aeronaves do Estado distribuíram insumos prioritários a várias cidades.
O Cosems, em documento ao governo estadual, elencou diversas demandas urgentes, incluindo a solicitação de geradores, kits de medicamentos. O conselho também solicitou a melhoria dos serviços de teleatendimento, especialmente para saúde mental.
O Rio Grande do Sul anunciou a liberação de R$ 9,45 milhões para auxiliar hospitais destruídos, com foco nas áreas onde a água já recuou.
Rio Grande do Sul monta hospitais em várias cidades
Para auxiliar no atendimento médico, hospitais de campanha estão sendo estabelecidos em várias localidades. O Exército, a Força Aérea e a Marinha assumiram a gestão de algumas dessas unidades.
Em Porto Alegre, a Secretaria Municipal de Saúde reportou uma escassez de oxigênio, embora novas entregas tenham sido feitas recentemente. Ainda assim, diversos hospitais apontam para um desabastecimento de várias categorias de insumos e equipamentos.
Leia também: “Câmara aprova estado de calamidade no Rio Grande do Sul”
A capital gaúcha enfrenta um desabastecimento de água, com 70% do município afetado. Mais de 7,5 mil pessoas estão abrigadas em locais provisórios, sem contar um número ainda maior de deslocados abrigados com amigos e familiares.
De acordo com o governo estadual, a situação eleva o risco de surtos de doenças, como a leptospirose, aumentando a preocupação das autoridades com a saúde pública. A Defesa Civil estima que aproximadamente 873,2 mil pessoas foram impactadas diretamente pela calamidade que assola o Rio Grande do Sul.