Saul Klein, filho caçula de Samuel Klein, fundador das Casas Bahia, é acusado de comandar um esquema de aliciamento e estupro de 14 mulheres. Desde setembro de 2020, quando as mulheres denunciaram o empresário, a investigação na Delegacia da Mulher de Barueri, na Grande São Paulo, permanece na fase dos depoimentos. A polícia tenta encontrar testemunhas-chave, que precisam depor mas não foram localizadas.
A investigação já ouviu as 14 mulheres, além de Saul e Ana Paula Fogo, citada como uma das aliciadoras do esquema. Priscila Pamela dos Santos e Maíra Recchia, advogadas das vítimas, acreditam que já existem provas suficientes nos relatos das jovens para confirmar as acusações. Samuel Klein, pai de Saul, que também era acusado das mesmas práticas do filho, morreu em 2014.
As denúncias surgiram em 2020, quando algumas jovens sentiram-se vítimas de crimes violentos praticados por Saul Klein e procuraram um projeto chamado “Justiceiras” — de acolhimento de mulheres — para expor os abusos aos quais haviam sido submetidas. Os relatos foram levados ao Ministério Público de São Paulo e depois à Delegacia de Bauru, no interior paulista.
A história foi detalhada pela primeira vez em uma reportagem do UOL, e agora faz parte da série documental Saul Klein e o Império do Abuso, da Universa — plataforma do UOL—, que estreou na terça-feira 29.
Cinco mulheres que acusaram Klein foram entrevistadas. Há imagens, vídeos e detalhes exclusivos sobre como o empresário as teria machucado física e psicologicamente, transmitindo doenças venéreas. Klein teria organizado uma estrutura criminosa, com funcionários que eram pagos para manter o esquema de abuso nos imóveis dele em Barueri e também em Boituva, no interior de SP.
Os relatos
“Tinha uma pessoa para ensinar a voz que você ia fazer para o Saul” disse uma das vítimas. “Outra pessoa ensinava como iriamos sentar. É uma rede montada para satisfazer um homem. E ele banca tudo isso.”
De acordo com as advogadas, o primeiro contato das garotas com a equipe de Klein acontecia quando elas eram enganadas com a promessa de alguns trabalhos de modelo. As jovens, entre 17 e 20 anos, eram convidadas para ir a um flat e realizar uma entrevista a fim de participar de um desfile de moda.
No flat, as mulheres eram surpreendidas com a notícia de que teriam de ir para um quarto para serem “testadas” por Klein. O empresário era quem aprovava ou desaprovava as meninas, a maioria das quais muito humilde e pobre. De acordo com as vítimas, o empresário recebia mulheres de todo o país em troca de remuneração de R$ 3 mil a R$ 4 mil por semana.
As mulheres relatam que eram submetidas a controle de peso, pressionadas a realizar procedimentos estéticos e a manter relações sexuais com Klein.
De acordo com as vítimas, Klein gostava de ser chamado de “reizinho” e forçava as mulheres a se comportarem como crianças, desde o modo de falar até as vestimentas. “Ele gostava de meninas novinhas que se vestem e falam como uma criança”, disse uma das mulheres.
Durante o ato sexual com Klein, as vítimas disseram que choravam e pediam para que ele parasse, mas eram repreendidas pelas mulheres “mais velhas”, nome dado às aliciadoras de Klein. Dentre as “mais velhas”, está Ana Paula Fogo, chamada de “Banana”, também entrevistada para a série: “Eu aceito o ódio de muitas meninas porque eu acatava 100% o que ele falava, e falava para elas”, disse Ana. “O Saul dizia que alguém tinha que morder pra ele assoprar”.
Uma das entrevistadas relata que, em razão dos abusos recorrentes, começou a tomar antidepressivos e tentou suicídio. Mesmo com 12 pontos no pulso após a tentativa, Klein manteve relações sexuais com ela. “Um cirurgião plástico receitou o meu primeiro antidepressivo”, disse. “Cortei os pulsos e levei 12 pontos. Ligaram dizendo que o Saul queria me ver, ele fez sexo comigo com os pontos sabendo que eu tinha acabado de tentar suicídio.”
O fantástico mundo de Saul Klein
Segundo as vítimas, tudo tinha de acontecer como Klein desejava, e por isso ele montou uma rede de apoio que organizava tudo. No topo da pirâmide, o próprio Saul Klein; abaixo dele, Marta Gomes da Silva, com as agências de modelo de fachada; na sequência, as aliciadoras Ana Paula Fogo e Puca.
Klein construiu um verdadeiro império de abuso. Dentro da mansão em Barueri, ele mantinha um spa com cerca de 15 a 20 meninas. “Esse spa virou o comércio e a atividade da vida de Klein”, disse Ana. De acordo com as vítimas, a estrutura contava com dentista, ginecologista, salão de beleza e cirurgião plástico.
As mulheres relataram que contraíram doenças venéreas, como clamídia e HPV. “Ele dizia que usava preservativo em gel, isso nunca existiu, ele estava com clamídia e mesmo assim queria ter relações sexuais”, disse uma das vítimas. “Todas pegaram HPV”.
A defesa
O advogado André Boaini defende Klein. Ele disse que o empresário atuava como “sugar daddy” — termo que designa homens mais velhos que têm fetiche de bancar financeiramente mulheres mais novas em troca de afeto ou relações sexuais. Boiani alegou que Klein não comandava uma rede de prostituição e abuso, mas contratava uma agência que fazia a aproximação entre ele e as moças.
Por questões de segurança, as vítimas ouvidas na série optaram por não se identificar.
Leia também: “As acusações póstumas contra Samuel Klein” artigo de Branca Nunes publicado na Edição 58 da Revista Oeste
Agencia de modelos… ahã,… mas tinha que transar com o patrão!! Com um simples “não”, tudo poderia ter acabado aí… mas havia vantagem financeira… OK. Como é mesmo o nome para isso…?
Pobre é tarado, rico é viciadonem sexo e milionário é “sugar daddy”. Prato cheio para o Sapão, Xandão, Boca de Veludo, as Carmens, o Tatuzinho etc
Deixa eu ver se entendi: ela tentou suicídio, levou 12 pontos e aí ligam dizendo que ele queria vê-la e ela vai?
Cadeia neste país é só pra pobre.
Já prá cadeia…