Paulo Roberto Braga, idoso que foi levado morto para uma agência bancária no Rio de Janeiro, vivia de “bicos” e não tinha documentos. Ele tinha 68 anos, foi militar e atuou até mesmo como apicultor.
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De acordo com o portal UOL, o “Tio Paulo”, de 68 anos, não tinha filhos e vivia há mais de 20 anos com a sobrinha, Erika de Souza Vieira Nunes, e os filhos dela. Ela foi presa por tentativa de furto mediante fraude e vilipêndio de cadáver, depois de tentar pegar um empréstimo de R$ 17 mil.
Erika estava com o tio já morto, em uma cadeira de rodas, em uma agência bancária em Bangu, zona oeste do Rio. A mulher tentava sacar o dinheiro em nome de Paulo. O caso aconteceu em 17 de abril. A defesa disse que ela é inocente e sofre transtornos psiquiátricos.
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Embora não tivesse carteira assinada havia mais de 15 anos, Tio Paulo já atuou como militar do Exército, motorista, apicultor e trabalhou em uma mineradora. O sobrinho-neto dele e filho de Erika, Lucas Nunes dos Santos, de 27 anos, disse ao UOL que Paulo perdeu os documentos quando ficou desempregado e nunca mais tirou a segunda via.
“Nos últimos anos, conseguimos ofícios na Defensoria Pública para entregar nos cartórios”, explicou Santos. “Mas, por causa do alcoolismo, ele não conseguia ir a esses locais. Por isso, demorou tanto.”
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Ele teria perdido documentos como carteira de identidade, de trabalho e certidão de nascimento. De lá para cá, Tio Paulo passou a sobreviver de “bicos”. Em 2023, começou a receber um salário mínimo mensal, benefício concedido a idosos pobres.
Para conseguir o benefício, Paulo precisou obter uma nova carteira de identidade, que utilizou para solicitar um empréstimo bancário. A advogada da família, Ana Carla de Souza, disse que o dinheiro foi solicitado ao banco um mês antes de o idoso morrer.
Idoso não tinha emprego fixo
“Desde quando me entendo por gente, o tio Paulo já não trabalhava com carteira assinada porque tinha perdido documentos”, disse Santos, sobrinho-neto do idoso. “Fazia um ‘bico’ ou outro, mas não tinha emprego fixo. Ele tinha problemas com álcool, mas tinha muitos amigos.”
Segundo Santos, o seu tio-avô tinha problemas de saúde e passou por internações hospitalares no ano passado. Paulo perdeu um braço e teve malária. Recentemente, ficou internado de 8 a 15 de abril por “pneumonia não especificada”. Ele estava internado na unidade de pronto atendimento (UPA) de Bangu e precisou de oxigênio. A morte aconteceu um dia depois de receber alta.
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“Quando ele esteve internado, a única pessoa que o visitou foi a minha mãe”, contou o filho de Erika. “Ela o visitou todos os dias em que ele esteve internado.”
O idoso era fã de futebol e torcia para o Vasco. Ele também gostava de músicas de Roberto Carlos e Fórmula 1. “Era um sujeito brincalhão, extrovertido e criativo”, disse Santos. “Gostava de caminhar, de pegar o sol da manhã. E sempre foi família. São memórias que vão permanecer para sempre na nossa vida.”