As águas do Lago Guaíba invadiram novamente a orla e as calçadas das ruas de Porto Alegre, neste sábado, 29. Em alguns pontos, é possível observar a formação de ondas.
Moradores registraram alagamentos na capital gaúcha, o que afetou quadras esportivas e a pista de skate. Bairros como Ipanema, Guarujá e Espírito Santo, na zona sul de Porto Alegre, também sofrem com as inundações.
Nível do Lago Guaíba está acima da cota de alerta
O nível do Lago Guaíba estava em 3,48 metros às 10h, conforme medição na Usina do Gasômetro. Esse patamar está acima da cota de alerta, que é de 3,15 metros, e a apenas 12 cm da cota de inundação (3,60 metros).
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O Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da UFRGS prevê que os níveis do Guaíba permaneçam acima da cota de alerta nos próximos dias. A tendência é que o nível caia abaixo de 3,15 metros durante a próxima semana.
As marcas da tragédia
As enchentes que destruíram parte do Rio Grande do Sul continuam presentes nas marcas deixadas pela tragédia. Por toda Porto Alegre, é possível ver o nível que as inundações atingiram pelas manchas de barro nas paredes das casas. Nenhuma tem menos de 1 metro de altura. O trem da Estação Farrapos, localizada na principal avenida da capital gaúcha, continua parado 43 dias depois do início das chuvas.
Ao andar pelas ruas, é impossível não notar as montanhas de entulhos em frente às residências. Os objetos amontoados nas sarjetas incluem colchões, móveis, brinquedos, roupas e eletrodomésticos. Os carros, antes submersos, jazem sobre o asfalto envoltos pela lama levada pelo Rio Guaíba. Segundo a consultora automobilística Bright Consulting, estima-se entre 140 mil e 280 mil o número de veículos que ficaram inutilizados. Para repor esses carros, serão necessários pelo menos 20 meses de vendas.
A água barrenta começou a subir no fim de abril e afetou 478 dos 497 municípios do Estado. De acordo com a Defesa Civil, 177 pessoas morreram e 388 mil ficaram desalojadas. Em Porto Alegre, as inundações atingiram 46 dos 96 bairros da cidade. O Aeroporto Internacional Salgado Filho permanece interditado desde 3 de maio, com um prejuízo calculado em mais de R$ 49 milhões por dia. Segundo estimativas da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a perda para o turismo durante o período de enchente é de R$ 1,33 bilhão.
Não há previsão para a retomada dos voos no Salgado Filho. Atualmente, a principal alternativa é a Base Aérea de Canoas, a 20 quilômetros de Porto Alegre, que opera cinco voos comerciais por dia. Além dela, o Aeroporto Hugo Cantergiani, em Caxias do Sul, recebeu autorização neste mês para voos internacionais, segundo informações publicadas no Diário Oficial da União (DOU).
Para que o aeroporto principal retome as atividades, a concessionária Fraport Brasil informou que precisa finalizar os testes na pista de pouso e decolagem e nos demais equipamentos. “Nossa expectativa é receber esse diagnóstico em meados de julho”, informa a assessoria de imprensa da empresa. “A partir disso, será possível determinar as intervenções necessárias na pista e o tempo de recuperação para a retomada dos voos diretamente do Salgado Filho.”