Danielle Bezerra dos Santos, casada com um policial civil e viúva de um integrante do Primeiro Comando Capital (PCC), teve ordem de prisão por destruir provas contra o atual marido. Ela foi denunciada pelo Ministério Público (MP) de São Paulo por lavagem de dinheiro e proteção da facção criminosa, além de perseguir adversários.
O juiz Paulo Fernando Deroma de Mello, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), justificou a prisão de Danielle. Na decisão, o magistrado afirmou que a liberdade dela poderia comprometer a identificação e a apreensão de bens dos criminosos.
Ela está foragida e é casada com o agente de telecomunicações da Polícia Civil Rogério de Almeida Felício, conhecido como Rogerinho, preso por corrupção. Mensagens anexadas ao processo revelam detalhes do relacionamento deles e da ligação com o PCC.
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Felipe Geremias dos Santos, o Alemão, ex-marido de Danielle, era um dos principais gerentes do PCC nas cidades de Santo André, Mauá e São José dos Campos. A facção arrecadava R$ 400 mil mensais nessas localidades, segundo o MP.
Depois da morte de Alemão, Danielle assumiu a cobrança das dívidas deixadas pelo ex-marido. O órgão afirma que a mulher usou a estrutura do PCC e o apoio de Rogerinho para realizar a cobrança com ameaças.
Rogerinho, como policial civil, pressionava os credores e recebia parte da herança de Alemão. Ele também trabalhou como chefe de segurança do cantor Gusttavo Lima, segundo a denúncia.
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Em uma das mensagens, Rogerinho ameaçou usar uma viatura para intimidar um devedor. Ele afirmou que daria “um cacete” no algoz, para que se acreditasse naquilo que estava sendo dito.
A investigação revela que Danielle mantinha contato com o alto escalão do PCC e usava o medo que os integrantes tinham de seu falecido marido para cobrar os devedores. O Grupo de Atuação Especial e Representação ao Crime Organizado solicitou sua prisão preventiva.
O PCC e a morte de Gritzbach
O criminoso Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, executado no Aeroporto de Guarulhos em 2024, citou Rogerinho em sua delação premiada. Ele havia delatado o policial por desviar relógios de luxo.
O MP encontrou fotos de relógios falsos enviados por Rogerinho a Danielle. Quando soube da delação, Rogerinho pediu que a mulher parasse de usar redes sociais e comprou réplicas das joias para criar um álibi.
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Além disso, oito policiais civis foram acusados pelo órgão, incluindo dois delegados. Eles agiam em conluio com o PCC e usavam a estrutura do Estado para favorecer a facção.
O documento do MP descreve a ação como o uso do poder estatal para enriquecer com os frutos do crime. Policiais de cargos relevantes se aliaram a criminosos para obter vantagens financeiras.