Ser “professora de piano” já foi uma profissão considerada típica de mulheres. Mas houve também um tempo que muitas pianistas talentosas enfrentaram a fúria castradora de seus pais e maridos. “Mulher (ou filha) minha não se exibe em palco nenhum” foi uma frase muito ouvida, da primeira metade do século 20 para trás. É triste imaginar quantas delas desistiram de sua arte por causa disso.
A escritora Susan Tomes acaba de lançar um ensaio biográfico (“Women and the Piano”) contando a história de 50 mulheres pianistas clássicas, algumas delas paradigmas em sua arte. Um exemplo é Maria Anna Mozart, que já se apresentava como fenômeno antes que seu irmão Wolfgang Amadeus roubasse a cena. Outro exemplo foi Clara Schumann (1819-1896), um talento inigualável que viveu sob a sombra de seu marido Robert.
O livro cita o caso de Fanny Mendelssohn (1805-1847), irmã do compositor Felix Mendelssohn, que memorizou o “Cravo Bem Temperado” de J S Bach aos 13 anos. Era tão talentosa que foi elogiada por “tocar como um homem”.
Algumas pianistas foram mártires políticas. Lili Kraus (1903-1986) teve que fugir da Alemanha nazista e acabou presa pelos japoneses. Maria Yudina (1899-1970) nunca pôde tocar fora da União Soviética porque pertencia a um ramo da Igreja Ortodoxa que resistia ao regime comunista. Zhu Xiao-Mei, pianista prodígio nascida em 1949 foi condenada pelo Partido Comunista Chinês a abandonar a carreira e viver numa aldeia distante fazendo trabalhos mundiais. Seu único consolo era uma pauta das “Variações Goldberg” de Bach, que ela podia tocar na imaginação.
Women and the Piano pode ser adquirido pela Amazon em versão impressa ou digital.