Era uma vez dois garotos pobres, Fab Morvan e Rob Pilatus, que se conheceram na Alemanha. Como eram bonitões e dançavam bem, resolveram ser estrelas. Criaram um visual de cabelos rastafari e arrumaram algumas roupas da moda. Um dia receberam um convite do produtor alemão Frank Farian para gravar um disco. Assinaram um contrato sem ler. Era o típico pacto com o diabo.
O contrato dizia que eles fariam um disco – mas sem cantar. Dois músicos profissionais, John Davis e o rapper Charles Shaw gravaram as vozes que Fab e Rob dublariam nas apresentações ao vivo. E assim surgiu em 1988 o monumental sucesso de Milli Vanilli com a música “Girl You Know is True“. Logo eles estavam excursionando pelo mundo e entraram numa caravana da MTV por mais de uma centena de cidades americanas.
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O dinheiro jorrava para Frank Farian e a gravadora Arista. Ninguém queria contar a verdade no meio daquele delírio de fama e sucesso. E então eles foram nomeados para o mais importante premio musical do mundo, o Grammy. E venceram. A essa altura Rob estava se drogando pesado, em estado de delírio, acreditando que eram cantores de verdade e maiores que os Beatles e Elvis Presley.
Aí veio a queda. Os verdadeiros cantores do Milli Vanilli denunciaram a farsa para a imprensa. Fab e Rob foram linchados pela mídia e viraram motivo de chacota nos principais talk-shows. Rob Pilatus entrou numa espiral de volta à pobreza, se viciou em crack e morreu de overdose aos 32 anos. Fab Morvan segurou a onda, conseguiu formar uma família e até construiu uma carreira decente como cantor.
O documentário Milli Vanilli – o Maior Escândalo do Mundo da Música, em exibição pela Paramount+ mostra essa história em detalhes. E aponta que o verdadeiro vilão da história é o produtor Frank Farian, um sujeito manipulador, sem qualquer escrúpulo, com toques de racismo.