O ator e diretor Mel Gibson precisou esperar 21 anos para finalmente conseguir levar adiante o ambicioso projeto de filmar uma continuação de A Paixão de Cristo (The Passion of the Christ). O polêmico épico religioso que chegou às elas de todo o mundo em 2004. Intitulado A Ressurreição de Cristo (The Resurrection of the Christ), a aguardada sequência começa a ser filmada em agosto próximo nos estúdios Cinecittà, em Roma, capital italiana.
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A informação foi confirmada pela CEO da Cinecittà, Manuela Cacciamani, durante entrevista ao jornal italiano Il Sole 24 Ore. Cacciamani revelou que Mel Gibson e executivos de sua produtora Icon Productions estiveram nos estúdios para definir a data de início das filmagens. São grandes as expectativas de Gibson e da Cinecittà — de onde saíram os maiores clássicos assinados por Federico Fellini. Os famosos estúdios italianos também foram utilizados pelo diretor para filmar o sucesso de público A Paixão de Cristo, que se tornou o filme independente de maior bilheteria de todos os tempos.
Ainda de acordo com Manuela Cacciamani, A Ressurreição de Cristo vai ocupar inteiramente o novo e amplo estúdio 22 da Cinecittà. No entanto, assim como aconteceu com A Paixão, o diretor Mel Gibson deverá rodar diversas sequências em locação, sobretudo na antiga cidade de Matera, no sul da Itália. Gibson também deseja filmar outras cenas em antigos locais rurais do sul da Itália, incluindo Ginosa, Gravina Laterza e Altamura.
A Ressurreição não faria sentido sem Jim Caviezel, o ator que melhor representou Cristo no cinema e que esteve no papel em A Paixão. Sabendo disso, Gibson não perdeu tempo em confirmar que Caviezel estará de volta na sequência. Outros que também retornam em A Ressurreição são a atriz Maia Morgenstern, que interpretou a mãe de Jesus, além de Francesco De Vito, que fez o papel de Pedro.
A Paixão de Cristo: clássico impactante e muitos desmaios
A Paixão de Cristo estreou nos cinemas norte-americanos no dia 25 de fevereiro de 2004. Imediatamente, a produção dirigida por Mel Gibson se tornou um dos filmes religiosos mais comentados e impactantes da história do cinema. Porém, a obra foi igualmente cercada de polêmicas e controvérsias. A história apresenta as últimas 12 horas da vida de Jesus Cristo (interpretado por Jim Caviezel), dramatizando sua prisão, julgamento, tortura e crucificação com um nível de realismo chocante.

Nesse sentido, o teor gráfico das cenas diante da violência brutal sofrida por Jesus causou grande impacto no público. Em diversos cinemas dos Estados Unidos, por exemplo, espectadores chegaram a desmaiar durante as sessões, tamanha a intensidade da flagelação e da crucificação de Cristo. Relatos de pessoas passando mal, a ponto de necessitarem atendimento médico, ganharam as manchetes e reforçaram o impacto emocional da obra.
Nada disso, no entanto, impediu o público de lotar as salas de cinema, fazendo com que A Paixão de Cristo se tornasse um estrondoso sucesso de bilheteria. Uma produção independente financiada inteiramente com recursos do próprio diretor Mel Gibson, o filme foi produzido com um orçamento modesto de aproximadamente 30 milhões de dólares. Poucas semanas depois da estreia, contabilizava mais de US$ 600 milhões nas bilheterias de todo o mundo. A Paixão de Cristo tornou-se um dos filmes independentes mais lucrativos da história e um fenômeno cultural entre o público cristão.
Nem tudo é paixão: uma obra cercada de polêmicas
Inúmeras polêmicas assombraram a obra. Por conta da abordagem histórica escolhida por Mel Gibson, acusações de antissemitismo logo foram registradas. Líderes e organizações judaicas de todas as partes do mundo criticaram a forma como os judeus foram retratados no filme. O argumento era que a narrativa reforçava estereótipos históricos que associavam os judeus à morte de Cristo, o que poderia alimentar preconceitos e intolerância religiosa. Mel Gibson foi obrigado a se defender publicamente das acusações, negando qualquer intenção antissemita.
Até hoje, o filme divide opiniões. Para muitos, trata-se de uma obra-prima do gênero, um retrato fiel e visceral do sacrifício de Cristo, utilizando línguas antigas como o aramaico e o latim nos diálogos para conferir autenticidade à obra. Para muitos outros, trata-se de um filme excessivamente brutal e tendencioso. Seja como for, a arte tem esse poder de provocar. O impacto de A Paixão de Cristo na cultura pop e na história do cinema é inegável. Mel Gibson, ao que parece, está disposto a ressuscitar essa provocação.