Como se não bastassem o terror e evidentemente a tristeza pela perda de suas propriedades em Los Angeles por conta da onda de incêndios, nobres moradores das áreas afetadas que viram suas casas virarem pó agora terão de lidar com o enorme prejuízo e ainda enfrentarem uma improvável briga judicial. É o que promete, por exemplo, o produtor, ator e diretor Tyler Perry, o primeiro a vir a público para fazer grave denúncia contra as empresas seguradoras. Perry está denunciando os cancelamentos de seguradoras em meio aos incêndios florestais em andamento em Los Angeles, afirmando que as apólices são “terríveis” e indicativas de “pura ganância”.
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Ao mesmo tempo em que uma série de incêndios devastavam comunidades inteiras no sul da Califórnia, em especial as áreas de Palisades e Eaton, muitos daqueles que perderam suas casas de repente se viram duplamente vitimados quando descobriram que várias seguradoras, como a State Farm General e a Chubb, haviam decidido não renovar ou simplesmente parar de emitir novas apólices, especialmente para casas de alto valor e com risco de incêndio florestal.
“Ver uma filha usar uma mangueira de jardim para tentar proteger a casa de seus pais de 90 anos porque o seguro deles foi cancelado foi de cortar o coração para mim”, escreveu o cineasta em sua conta do Instagram. “Alguém mais acha terrível que as seguradoras possam tirar bilhões de dólares das comunidades por anos e então, de repente, ter permissão para cancelar milhões de apólices para as mesmas pessoas com as quais enriqueceram? Pessoas que pagaram prêmios a vida inteira ficaram sem nada por pura ganância.”
A denúncia feita por Tyler Perry surge justamente no momento em que milhares de pessoas em Los Angeles começam um lento, frustrante e assustador processo de registrar reivindicações de seguro. Felizmente, até por conta da força e da relevância de Perry na comunidade, o comissário de Seguros da Califórnia, Ricardo Lara, anunciou a proibição para as seguradoras cancelarem ou não renovarem apólices para os proprietários afetados pelos incêndios de Palisades e Eaton por um ano e retroativo a 9 de outubro. “Sua seguradora deve fazer a coisa certa e mantê-lo como um segurado valioso”, disse Lara. O comissário ainda destacou que a proibição cobre um período de 90 dias, entre 9 de outubro e 7 de janeiro, quando os incêndios de Palisades e Eaton tiveram início.
Ainda segundo a denúncia de Tyler Perry, em Pacific Palisades cerca de 10% dos proprietários de apólices contra incêndio não tiveram seus seguros renovados de 2020 a 2022. Em Altadena, durante o mesmo período, o número foi de aproximadamente 8%. Perry também disse em sua postagem que está “tentando descobrir quais medidas tomar para fazer tudo o que puder para ajudar o máximo de pessoas possível”. “Mantendo todos em minhas orações.”
Quem é Tyler Perry?
A menos que você seja um cinéfilo de carteirinha, poucas pessoas conhecem bem Tyler Perry no Brasil. Advogado de formação, Perry nasceu e criou-se em Nova Orleans, a maior cidade de Luisiana, importante Estado sulista dos Estados Unidos. Ainda em sua terra natal, ele começou a escrever e produzir peças de teatro entre os anos de 1990 e início dos 2000. Logo de início, Perry dedicou-se a falar sobre a cultura e as condições de vida dos negros norte-americanos. Foi quando ele teve a ideia de criar uma personagem que simbolizasse o estilo e o espírito do negro na sociedade. E assim surgiu Madea, uma senhora ranzinza, mas de bom coração, sempre preocupada com a família.
Madea foi apresentada em 2005, quando Perry lançou seu primeiro longa, Diário de uma Mulher Negra. Além de produzir, ele escreveu o roteiro, dirigiu o filme e interpretou a personagem central (debaixo de uma pesada maquiagem e figurinos). O sucesso foi imediato, e Perry conquistou o público norte-americano com uma série de filmes estrelados pela sua Madea, os quais lhe renderam mais de US$ 670 milhões nas bilheterias mundiais. Em 2009, Tyler Perry foi incluído numa lista da revista Forbes como o sexto homem mais bem pago em Hollywood. Sua fortuna pessoal é avaliada em US$ 1,4 bilhão.
Stage+: a casa da música clássica 