A produtora de cinema Kathleen Kennedy, um dos nomes mais reconhecidos e celebrados em Hollywood, anunciou que agora é para valer e deixará ainda em 2025 o cargo de CEO da Lucasfilm, cargo que ocupa desde 2012. Kennedy já planejava sua saída há mais de um ano, mas acabou adiando a ideia até que finalizasse projetos pendentes. O fato é que sua partida marca o fim de uma era e levanta questões importantes sobre os rumos futuros da Lucasfilm, estúdio que se tornou uma grife e leva o sobrenome de seu fundador, o mago do cinema George Lucas.
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Kathleen Kennedy nasceu em 5 de junho de 1953, em Berkeley, Califórnia, e iniciou sua trajetória no cinema como assistente de produção. Em 1981, ao lado do lado marido e também produtor Frank Marshall, juntou-se ao cineasta Steven Spielberg e cofundou a Amblin Entertainment. Quem acompanhou de perto a intensa e criativa produção cinematográfica norte-americana nos anos 1980 e 1990 certamente se lembra da euforia do público ao ver os nomes Kathleen Kennedy/Frank Marshall surgirem nos créditos dos filmes: E.T. – O Extraterrestre (1982), Os Caçadores da Arca Perdida (1981), Gremlins (1984), A Cor Púrpura (1985), as trilogias De Volta para o Futuro (1985-1990) e Jurassic Park (1993-1997), entre tantos outros clássicos produzidos pela dupla. Em 1992, o casal fundou a The Kennedy/Marshall Company, o que ampliou a influência de seus nomes na indústria cinematográfica.
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O cinema é tão arriscado como qualquer negócio e o sucesso de um filme nas bilheterias mundiais depende de uma série de variáveis. Ao longo de sua carreira, Kathleen Kennedy experimentou um pouco de tudo, mas o balanço geral é no mínimo exitoso: até aqui já são mais de 70 filmes, que, coletivamente, receberam 120 indicações ao Oscar e 25 estatuetas garantidas. O Sexto Sentido (1999), Seabiscuit (2003), Munique (2005) e Lincoln (2012) são alguns exemplos das obras amplamente premiadas. Depois de tanto sucesso, prêmios e sobretudo o triunfo nas caixas registradoras, em 2018 Kathleen Kennedy e Frank Marshall receberam o Prêmio Memorial Irving G. Thalberg, reconhecimento da Academia de Artes e Ciências dado a produtores cujas obras refletem alta qualidade consistente na produção cinematográfica.
Lucasfilm: nova era e bilhões de dólares com “Star Wars”
Em 2012 iniciava-se uma nova era em Hollywood, o que iria determinar um capítulo transformador na indústria do entretenimento. A Lucasfilm é comprada pela The Walt Disney Company, que anuncia justamente o nome de Kathleen Kennedy para assumir a presidência da empresa. A primeira grande missão foi revitalizar a clássica franquia Star Wars com uma nova trilogia. O primeiro deles, Star Wars: O Despertar da Força, arrecadou US$ 2 bilhões e permanece como a maior bilheteria da história somente nos Estados Unidos. Mas Kennedy foi mais longe e apostou também nos derivados da marca Star Wars, como Rogue One (2016) e Solo (2018). Resultado: um faturamento de mais de US$ 1 bilhão somente no mercado norte-americano. Logo em seguida, já numa fase em que projetos para streaming se tornaram realidade e prioridade, Kennedy supervisionou a produção das séries The Mandalorian (2019) e Andor (2022) para a plataforma Disney+.
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No entanto, é fato que a Lucasfilm atravessa um período de transição. Ainda que a liderança da empresa por Kennedy tenha sido marcada por sucessos, com projetos resultando ótimos números nas bilheteria e reconhecimento do público e da crítica, o momento atual apresenta divergências criativas e a necessidade de atender às expectativas de uma base de fãs apaixonada e exigente. Há uma discussão intensa sobre os rumos do estúdio, principalmente em relação à polêmica agenda woke, que inclui bandeiras como igualdade racial e social, feminismo, o movimento LGBTQIA+, que até bem pouco tempo pautava todo o processo criativo das produções. Se por um lado as empresas “acordaram” para o ativismo da igualdade exigida por grupos ditos minoritário, por outro, agora também estão acordando para o fato de que a conta não fecha e CEO nenhum no mundo está mais disposto a bancar enormes prejuízos. A saída de Kennedy da Lucasfilm poderá marcar uma virada de chave, ou, na pior das hipóteses, catapultar o futuro da empresa.