A Secretaria Municipal de Educação de Conselheiro Lafaiete, no interior de Minas Gerais, suspendeu o uso do livro O Menino Marrom, de Ziraldo, nas escolas da cidade, situada a cerca de 80 km da capital Belo Horizonte.
A decisão foi tomada depois de pais de alunos considerarem o conteúdo da obra inadequado, informou o jornal Folha de S. Paulo. Nascido em Caratinga (MG), Ziraldo morreu no último dia 6 de abril em Lagoa (RJ) aos 91 anos.
Publicado em 1986, o livro narra a história de dois meninos, um negro e outro branco, que tentam entender por que são chamados de preto e branco e se isso realmente importa. Alguns pais consideraram violenta uma cena na qual os garotos fazem menção a um pacto de sangue.
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“Um deles foi até a cozinha buscar uma faca de ponta para furar os pulsos e misturar o sangue dos amigos eternos”, diz o livro. No entanto, os garotos não concretizam o ato e o silêncio é quebrado por uma pergunta: “Não tem um alfinete?”.
Incapazes de prosseguir, eles decidem afundar os dedos num pote de tinta. Outra cena questionada mostra o menino marrom desejando que uma senhora fosse atropelada depois de ela recusar sua ajuda para atravessar a rua.
Reações e cenas questionadas pelos pais
Em uma nota no Facebook, a Secretaria de Educação de Conselheiro Lafaiete lamentou que tivessem ocorrido interpretações dúbias sobre o livro. Também anunciou a suspensão temporária do uso da obra para reavaliar a abordagem pedagógica nas escolas, a fim de evitar interpretações equivocadas.
“Uma das principais obras infantis a abordar temas sociais, o livro trata de forma sensível e poética questões como diversidade racial, preconceito e amizade”, declara a entidade. “Utilizando uma linguagem simples e ilustrações atraentes, Ziraldo consegue envolver as crianças e facilitar a compreensão de conceitos complexos como racismo e empatia.”
Já a editora Melhoramentos, que publica as obras de Ziraldo, não fez comentários a respeito decisão do município, ao ser procurada pela Folha. No entanto, a empresa reiterou que seu objetivo é o de promover a cultura por meio da educação e do entretenimento, ao gerar conteúdo para as famílias e o público infantil.