Jazz é jazz, pop é pop. Até que em 1959 o pianista Dave Brubeck lançou o disco Time Out. O álbum fez um sucesso tão grande que chegou ao segundo lugar na lista de álbuns pop da Billboard. O segredo do disco foi a música “Take Five”, composta pelo saxofonista do quarteto, Paul Desmond. Até hoje “Take Five” é ouvido como símbolo de música cool e inteligente.
Time Out nasceu com uma proposta altamente sofisticada de renovar o jazz. Brubeck e seus músicos tinham voltado de uma viagem por países orientais e ficaram fascinados por divisões rítmicas da música na Turquia e na Grécia. “Blue Rondo a la Turk”, por exemplo, começa com o compasso 9/8.
O sucesso de Time Out gerou outro album em 1961 na mesma linha, e que muitos consideram ainda melhor – Time Further Out. O disco tem na capa um quadro do pintor surrealista catalão Joan Miró, com a presença de alguns algarismos espalhados pela obra. O quarteto faz jazz igualmente com compassos estranhos como 5/4, 6/4 e 9/8.
O milagre das composições de Dave Brubeck é transformar essa complexidade em música acessível. Mas tente acompanhar as palmas de “Unsquare Dance”, em 7/4. Parece fácil. Mas até o baterista Joe Morello ri aliviado por ter conseguido chegar ao fim sem errar.