Nós conhecemos os elementos de um faroeste: a noite no saloon, o duelo na rua principal, o armazém. Oeste Selvagem (Netflix) não é bem assim. É um faroeste brutal, realista onde todos vivem imundos de lama e sangue e ferimentos são costurados sem anestesia.
A história se passa em 1857 na região do atual estado de Utah. Foi o que chamamos de uma tempestade perfeita: colonos brancos em expansão, índios lutando contra os brancos e uma conspiração de mórmons para se tornar uma região independente dos EUA. Claro que, sinal dos tempos, os cristãos mórmons são mostrados um toque a mais de vilania e os nativos aparecem como uma sociedade utópica. Mas existem provocadores de todos os lados.
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A história é centrada em duas mulheres. Sara (Betty Gilpin) é uma mulher procurada pela Justiça (por um crime de autodefesa) que foge com seu filho Devin (Preston Mota, ótimo ator) e quer encontrar o marido numa região remota. Abish (Saura Lightfoot-Leon) também procura o marido Issac (Taylor Kitsch) e é aprisionada por uma tribo shoshone.
Não há truques de computador aqui: a filmagem foi realizada em condições naturais, sob a neve ou no calor do deserto. As flechas e balas passam por nossos olhos e ouvidos como se a gente estivesse no meio da briga. As “cirurgias” são duras de se ver.
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Oeste Selvagem foi escrita por Mark L Smith e dirigida por Peter Berg. A maior inspiração deles foi um filme hoje esquecido chamado Jeremiah Johnson (1972), estrelado por Robert Redford. Tem uma certa semelhança também com 1883, uma das séries escritas por Taylor Sheridan ligadas ao complexo Yellowstone. Seu extremo realismo o coloca numa estante à parte dos faroestes tradicionais.
Cristãos mostrados com toque de vilania, como este povo é criativo…