No fim da década de 1970, dois membros do grupo britânico Monty Python tiveram uma grande ideia. Michael Palin e Terry Gilliam criaram o filme Time Bandits (1981). A história mostrava um garoto que tinha o quarto invadido por anões que viajavam pelo tempo em busca de tesouros a serem roubados.
O ambicioso filme não foi um grande sucesso, até pelas limitações técnicas da época. Mas se tornou um “cult”, cheio de cenas surrealistas, grandes sacadas e um elenco de respeito – John Cleese, Sean Connery, Shelley Duvall, Ian Holm, e outros:
Na semana passada foi lançada a nova versão, produzida na Nova Zelândia em forma de série para a Apple TV+. Os anões foram substituidos por membros da conhecida “diversidade racial”. Em alguns pontos, a série acertou.
Obviamente, com a computação gráfica, hoje é muito mais fácil imaginar uma frota de navios piratas navegando pelo mar da China ou uma representação de grandes monumentos do passado. Outra grande sacada foi convocar o inglês Kal-El Tuck, de 12 anos, para fazer o papel do menino Kevin. Ele tem um talento para ator que fica claro logo nas primeiras cenas. É muito bom também ver Lisa Kudrow (que o mundo conhece como a maluquinha Phoebe, da série Friends) como a líder do bando de ladrões, com seu jeito meio cínico de interpretar.
O grande problema dessa nova versão é o tom. A história do mundo foi transformada numa sitcom light. Todo mundo fala do mesmo jeito manso, disparando piadinhas leves entre sorrisos amistosos. Esse tom permanece no interior do cavalo de Troia, nos rituais de sacrifício dos maias, na construção do monumento de Stonehenge, num acampamento de Neanderthals. Todo mundo é bonzinho. Esse tom monocórdico e manso acaba cansando já no segundo episódio. Vamos ver se melhora daí para frente.