O mundo achava os Beatles o mĂĄximo quando o Led Zeppelin surgiu em 1969. O choque foi imediato. Ali estavam quatro mĂșsicos excepcionais fazendo um som escandalosamente alto e ao mesmo tempo alternando com momentos acĂșsticos de puro lirismo. (DaĂ o nome misturando chumbo com zepelim).
Jimmy Page fazia sua guitarra soar poderosa como uma orquestra de metais. John Paul Jones jĂĄ era um dos mais criativos mĂșsicos de estĂșdio da Ă©poca. John Bonham reinventou a arte de tocar bateria. E o vocalista Robert Plant tinha carisma de sobra para essa nova era do rock.
Depois de cinco ĂĄlbuns de sucesso, o Led partiu para um monumental ĂĄlbum duplo, que no prĂłximo dia 24 completa meio sĂ©culo: Physical Graffitti. Ă o ĂĄlbum mais completo, mais experimental, mais versĂĄtil da banda. E o auge da sua carreira. Os discos seguintes seriam o inĂcio do fim.

A base do ĂĄlbum duplo Ă© o hard rock, como nĂŁo podia deixar de ser num ĂĄlbum do Led: âCustard Pieâ, âThe Wanton Songâ, âThe Roverâ, âHouses of the Holyâ. Mas eles se aventuram tambĂ©m pelo clima do misticismo (âIn the Lightâ), pelo country (âNight Flightâ), pelos sons indianos (no lendĂĄrio âKashmirâ) e atĂ© pela funk music (em âTrampled Under Footâ, parcialmente inspirado por âSuperstitionâ, de Steve Wonder).
Uma das faixas mais marcantes e complexas Ă© âIn my Time of Dyingâ. O tema principal foi âroubadoâ de um blues composto por Blind Willie Johnson em 1927:
A letra descreve o Ășltimo desejo de um homem que pede para morrer em casa com tranquilidade: âJesus vai fazer meu leito de morteâ. A versĂŁo do Zeppelin alterna a calma melancĂłlica da resignação com a fĂșria da guitarra de Page e da bateria de Bonham, numa de suas melhores performances. Ă como se o espĂrito aceitasse a morte, mas ao mesmo tempo temesse nĂŁo ser recebido no CĂ©u.