No artigo anterior, discutimos a hipótese da equipe geofísica sul-coreana liderada por Ki-Weon seo, sobre o artigo publicado na revista Research Geophysical Letters. O grupo afirmou inequivocamente que conseguiu realizar cálculos que ligaram o uso de água no planeta, seja por bombeamento de aquíferos ou por uso de barragens, com uma mudança do eixo de rotação do planeta. Nesta segunda parte, continuaremos os nossos questionamentos e mostraremos o quanto a proposta de aplicação da hipótese de balanceamento de rodas é totalmente inapropriada, beirando o absurdo, se já não o ridículo.
Uma das consequências mencionadas pelos sul-coreanos para a alteração da inclinação do eixo de rotação da Terra foram as represas, como é o caso de Itaipu, um exemplo de represa que possui 100 metros de cota de desnível no seu ponto mais próximo à barragem. Contudo, o caso é o mesmo que explanamos anteriormente. A coluna d’água de 100 metros não significa nada escalarmente, quando comparamos ao raio da Terra (6,3 mil quilômetros). Além de entrar no mesmo ponto calculado anteriormente para as colunas d’água de aquíferos ou águas subterrâneas, várias destas represas já estão estabelecidas há muitos anos. Isto nos traz um fato importantíssimo, e, assim, novamente perguntamos: os cálculos de Seo são retroativos para validar o seu modelo? Existe o cálculo final sem todas as represas do mundo coincidindo onde “estava” o eixo da Terra no passado, avaliados sistematicamente por data e massa? Claro que não!
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Mas não se trata apenas da espessura das colunas d’água utilizadas para a agricultura (atividades humanas) e da espessura das geleiras derretidas (“aquecimento global” e, de novo, lá estamos nós, os humanos). Adicione a isto as áreas envolvidas das fontes de água subterrânea, das represas e das geleiras e os seus respectivos posicionamentos geográficos no globo! Se estamos a falar da hipótese de balanceamento de rodas, este é o fator mais fundamental e vemos não lacunas, mas verdadeiros rasgos na hipótese de Seo. Seus cálculos deveriam posicionar todos os elementos artificiais, mas não apenas eles, porque os maiores fluxos de movimentos são naturais e será justamente aí que ele perderá o controle, pois não é possível determinar todos os movimentos de massa que ocorrem no planeta. Este é o grande problema, quando nos deparamos com estudos de minuciosos detalhes contra escalas gigantes. A perda de controle dos fatores e suas avaliações passam a ser regras.
De fato, o que altera a posição do eixo de rotação da Terra são as forças descomunais de atração gravitacional de outros astros e o torque do planeta que gira a uma velocidade absurda de 15 graus por hora. A Lua e o Sol, em especial, são os principais responsáveis, mas também Júpiter e Saturno são operadores. Eles interferem em outros movimentos que a Terra faz. Precessão dos Equinócios, Nutação, Obliquidade e Excentricidade da Órbita são os conhecidos e relatados por Milutin Milankovitch (astrônomo sérvio), que os relacionou às alterações climáticas de longo período. Estas últimas vão mudando incessantemente todo o tempo, mas são desqualificadas pelos “senhores climáticos” empossados atuais.
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Milankovitch respondeu às indagações paleoclimáticas, principalmente na composição de todos estes movimentos juntos. Particularmente gosto do movimento de Nutação, que é uma combinação de cerca de pequenas 220 oscilações que o eixo de rotação da Terra executa. A menor delas tem amplitude de apenas 0,57 segundo de arco de grau, com ciclo de cerca de 182,62 dias e faz irrisórias mudanças de posição. Isso ocorre justamente pela ação da Lua e seu ciclo Nodal, como informamos anteriormente. Já a Precessão, por exemplo, tem uma mudança da ordem de 50 segundos de arco por ano, o que representa uma mudança no Equador de cerca de 1,5 quilômetro. Dentro dos 40 mil quilômetros de extensão do Equador, parece não ser nada. Mas a área envolvida, que muda a sua exposição à radiação solar, é grande. Isso porque envolve a superfície dentro deste arco, que vai do Polo Norte ao Sul. É a beirada de um gomo de mexerica, só que na escala do tamanho da Terra, envolvendo todo o balanço de energia que mudou sua incidência sobre esta faixa. Quais as consequências climáticas? Não sabemos.
Contudo, é curioso que, para destituir o valor dos movimentos de Milankovitch das variações climáticas, o pessoal do Goddard Space Flight Center (GISS) da NASA se apressa. Como sempre, o companheirismo para o cumprimento de agendas se mantém, afinal, o GISS é especialista em temas como este. Seu preferido é a alteração de séries de dados, os quais eles fazem uma “revisão”. Adulteram informações meteorológicas registradas das séries de longo período e alegam executarem correções de interferências urbanas, por exemplo. O caso mais famoso não inclui urbanismo, pois a série da cidade de Reykjavik, no Sul da Islândia, sofreu adulteração de dados. Isso ocorreu nos anos de 1930-1950, mais quentes, devidamente reduzidos para forçar um aquecimento proeminente para o início do século 21. De qualquer forma, as séries atuais não correspondem a vários arquivos de séries guardados de 20 anos atrás. Parece que o tal “revisionismo histórico” alcançou também a climatologia.
Voltando ao balanço de roda planetário. Além dos ciclos de deslocamento de massa realizados pelas marés, ainda temos os efeitos gravitacionais sobre os continentes, causando as marés terrestres, com movimentos de elevação e rebaixamento. Alia-se a estes os leves movimentos oscilatórios da crosta, que causam regressão e transgressão marinhas, os deslocamentos de areia sobre diversas partes da costa oceânica mundial etc. São muitos os fatores de deslocamento de massa naturais, para serem todos descritos e computados em um modelo de cálculo que supostamente iria avaliar uma variação do balanceamento do planeta. Esse modelo teria a finalidade de descobrir uma “mudança” de posicionamento de eixo, de forma que culpasse as atividades humanas como fundamentação de tal variação.
Ainda devemos recordar sobre as medidas realizadas pelos satélites que interpretam o balanço de massa desta casquinha do Planeta Terra. No caso os da série Grace, que, no ano de 2011, informaram uma perda de gelo antártico de aproximadamente de 57 quilômetros cúbicos, mas cujas medidas apresentavam barras de erros de quase 100%. De qualquer forma, dentro dos 27 milhões de quilômetros cúbicos de gelo da Antártida, se o Grace mediu alguma coisa, foi simplesmente a variação sazonal de gelo, dentro de uma estimativa irrisória (que ainda pouco mudou, dez anos depois com os novos lançamentos de instrumentos da série). A tal variação está a seis ordens de grandeza abaixo do total.
Pergunto-me o que motiva essas pessoas a usarem a ciência para fazer um desserviço destes à sociedade mundial, corroborando agendas com hipóteses sem fundamento, causando alarmismo e simplesmente acusando a humanidade que a sua existência e a sobrevivência, usando os recursos do nosso planeta, causam todo o tipo de mazelas? Também elenco a minha curiosidade da seletividade destes problemas. Ao que parece, usar água dos aquíferos para gerar energia limpa com o tal “Hidrogênio Azul” estaria tudo bem para eles, mas plantar comida, não!
Enfim, são vários os questionamentos para a equipe sul-coreana de Ki-Weon seo, inclusive se ele computou um enorme morro que foi removido há cerca de dez anos, quando o seu governo resolveu fazer ampliações de infraestrutura portuária em seu país. Também me pergunto se o possível ataque de milhares de obuseiros apontados para Seul, oriundos da Coreia do Norte, serão computados em seus cálculos. Afinal, reza a lenda que, se todos os chineses pulassem ao mesmo tempo, o eixo de rotação da Terra seria alterado…
Como dito anteriormente, a ideia de balanceamento de rodas aplicado ao planeta não é nova. Outros absurdos já foram propostos, como o do Doutor Hugh Auchinelos Brown, norte-americano que, em 1948, disse que o excedente de gelo sobre a Antártida estava desbalanceando o planeta, causando a mudança de seu eixo de rotação. A solução apresentada pelo cientista seria o uso de bombas atômicas para derreter o gelo e evitar um desastre global. Seja por uso de bombas atômicas ou por remover o CO2 da atmosfera do planeta, verdadeiramente, se dependermos dos conselhos e apontamentos de cientistas como Brown, Ki-Weon seo, entre muitos outros que infestam o nosso tempo atual, a humanidade estará perdida!
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Mais um esclarecedor artigo do grande professor Ricardo Felício. Excelente! Ninguém aguenta mais as Marinas Silva da $iência.
Nem a NAT GEO e sua menina Greta…