Expectativa de empresários do setor terciário era de que São Paulo liderasse o debate de critérios para a retomada econômica. Bares e restaurantes cobram transparência em ‘como’ retornar
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), tem se mostrado uma grande decepção para empresários do setor terciário. A expectativa de representantes da União Nacional das Entidades de Comércio e Serviços (Unecs) era de que o governo estadual liderasse o debate de critérios para a retomada econômica junto aos demais, mas não é o que ocorre.
A gestão tucana anunciou na última semana que apresentará o plano de reabertura das atividades em 8 de maio. A data, contudo, não traz previsibilidade para o empresariado, critica a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), que é vinculada à Unecs. “São Paulo tem sido uma grande decepção. É o principal Estado sob o ponto de vista econômico e tem importância política muito grande”, avalia o presidente da entidade, Paulo Solmucci.
O primeiro problema de Doria apontado por Solmucci é a falta de transparência nos critérios analisados pelo governo. “O mais inaceitável é que não aborda como retornaremos. Não tem desculpa. Se o quando retornaremos está difícil de enxergar, o como retornaremos já deveria estar sendo anunciado. Shoppings, bares e restaurantes voltarão com que critérios? A incompetência de São Paulo de liderar esse processo é horrível”, protesta.
Estratégias
Não é apenas o empresariado que fica em compasso de espera da definição do critério adotado por São Paulo. Parte das estratégias da equipe econômica também se baliza pela data de reabertura no Estado. “O ônus da indefinição é ter cada prefeitura e cada Estado fazendo uma regulação diferente. É muito ruim ver um Estado como São Paulo não ter uma referência. Para o Brasil, pior ainda, que venha sendo uma referência de ausência de planejamento”, pondera Solmucci.
O exemplo prático é Santa Catarina. O Estado resolveu definir critérios para a reabertura da economia, mas com exigências questionáveis, analisa Solmucci. “Tem uma exigência absurda de 1 metro e meio entre pessoas, inclusive na mesma mesa. Ou seja, impossível. Chega lá com sua mulher, colega de trabalho, e um vai ter de se sentar em uma mesa e o outro em outra. Não faz o menor sentido. A própria OMS [Organização Mundial da Saúde] fala em 3 pés, ou seja, 1 metro”, queixa-se.