O impacto da crise internacional de petróleo pode chegar em breve ao bolso dos passageiros de avião pelo Brasil. Algumas das principais companhias aéreas do país já admitem reajustar preços de passagens e rever rotas, em adaptação à instabilidade provocada no setor pela guerra entre Rússia e Ucrânia.
Estima-se que o combustível represente 35% dos custos de operação das companhias aéreas no país. Neste ano, a commodity já acumula alta de 45%, com a cotação do barril de petróleo tipo Brent acima dos US$ 100 nos últimos dias, em consequência do conflito russo-ucraniano.
A pressão sobre as aéreas brasileiras já vinha do ano anterior, mesmo antes da guerra na Europa. Em 2021, a variação do preço do querosene de avião (QAV) foi de 76,2%, com a alta do petróleo de 54%.
Neste cenário de dificuldade, empresas como Latam e Azul cogitam reduzir pontualmente o tamanho de suas operações. Com o impacto da alta do petróleo, algumas rotas podem ficar inviáveis financeiramente neste momento, considerando a projeção de diminuição de passageiros.
A Latam reconheceu o panorama desafiador na crise dos combustíveis e admitiu a possibilidade de reajustes.
“A Latam permanece atenta à evolução da guerra na Ucrânia, que impacta diretamente no preço do petróleo, para realizar ajustes em seus voos e projeções, se necessários”, manifestou a companhia aérea em resposta à reportagem.
“É inegável o impacto nos custos das companhias aéreas, em função da alta do preço do querosene da aviação (QAV) — a empresa estima um aumento da ordem de 25% a 30% nas tarifas. Infelizmente, diante da imposição desse novo cenário de crise sem precedência e previsibilidade, afetará o aumento no preço das passagens”, concluiu a Latam.
Em nota, a Azul também manifestou preocupação com o cenário atual e admitiu que avalia seu planejamento de rotas.
“Esse conflito resultou em um aumento exponencial do valor de várias commodities, em especial do barril de petróleo, que já vinha sofrendo consecutivas altas em função da pandemia da covid-19 e atingiu um pico recorde desde 2008, sendo cotado a US$ 140 no mercado internacional, pressionando muito o valor do QAV”, manifestou a Azul, em nota.
“Essa matemática é bastante impactante para o setor aéreo, em especial para as empresas brasileiras, que têm diversos custos em dólar e um dos combustíveis mais caros do mundo. A continuidade desse cenário poderá adiar uma retomada mais vigorosa da oferta de voos no país, assim como a inclusão de novas cidades e novas rotas e frequências entre aeroportos que já contam com serviço aéreo”, acrescentou a companhia aérea.