A Polícia Federal (PF) alegou que o executivo Miguel Gutierrez, ex-CEO das Lojas Americanas, se desfez de imóveis e carros e enviou dinheiro para offshores em paraísos fiscais. A corporação solicitou a prisão preventiva de Gutierrez nesta quinta-feira, 27.
O juiz Márcio Carvalho autorizou a prisão do ex-CEO e da ex-diretora Anna Saicali no âmbito da Operação Disclosure, que investiga fraudes contábeis bilionárias na empresa. A busca e apreensão ocorreu nesta quinta-feira.
Miguel Gutierrez, que possui cidadania espanhola, e Anna Saicali deixaram o Brasil e foram incluídos na lista de difusão vermelha da Interpol. Além das investigações por uso de informação privilegiada, manipulação de mercado e associação criminosa, Gutierrez é alvo de processo por lavagem de dinheiro.
A defesa do ex-CEO da Americanas declarou que não teve acesso aos autos das medidas cautelares e, portanto, não comentou o caso.
Defesa nega envolvimento em fraudes nas Lojas Americanas
Em nota, a defesa afirmou que Miguel Gutierrez “jamais participou” ou “teve conhecimento” de qualquer fraude. Além disso, salientou que o executivo “colabora com as autoridades ao prestar os esclarecimentos devidos nos foros próprios”.
De acordo com a PF, a lavagem de dinheiro está em andamento com o objetivo de “ocultação patrimonial” e há suspeitas de tentativa de fuga.
Gutierrez teria deixado o Brasil em 29 de junho de 2023, depois da instauração do inquérito e da criação da Comissão parlamentar de inquérito no Congresso.
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E-mails e anotações em um iPad indicam que Gutierrez criou um “engenhoso esquema societário, com diversas remessas de valores a offshores com sede em paraísos fiscais”.
A Polícia Federal alegou que as anotações do tablet também demonstram a preocupação de Miguel Gutierrez em blindar o seu patrimônio depois de deixar seu cargo de diretor-presidente das Americanas, ao saber que o escândalo iria explodir.
Esquema de blindagem patrimonial
Segundo a corporação, o plano incluía transferir imóveis para empresas ligadas a familiares e enviar valores a empresas no exterior.
As autoridades encontraram anotações com detalhes de remessas de valores, empréstimos e doações entre empresas ligadas a Gutierrez. Em um e-mail, a PF vasculhou informações sobre uma transação de US$ 1,5 milhão com uma empresa nas Bahamas.
Relembre o caso
O escândalo veio à tona em 2023, quando a Americanas revelou “inconsistências contábeis” de mais de R$ 20 bilhões. O rombo bilionário levou a empresa a um processo de recuperação judicial.
Estudos indicaram que as inconsistências foram fraudes cometidas por ex-funcionários. Em novembro, ao informar o quarto adiamento da divulgação das demonstrações financeiras, a empresa declarou que foi “vítima de uma fraude sofisticada e muito bem arquitetada”.
O mais importante é o argumento da defesa, “Ele jamais participou ou teve conhecimento de fraude “. É um país da ética, principalmente a ética da OAB