Depois de quase dois anos de investigações, o esquema de fraudes e desvios de conduta por ex-diretores da Americanas foi revelado.
Essas práticas resultaram em um rombo de cerca de R$ 25,2 bilhões, envolvendo manipulação de dados sobre estoques, vendas e fretes, com o objetivo de apresentar balanços financeiros favoráveis, mascarando a verdadeira situação da empresa.
Os “desvios de conduta” incluíam a concessão de benefícios à alta cúpula, como o uso de veículos blindados de luxo sem aprovação do conselho de administração. As informações são do portal Metrópoles.
A Americanas oferecia empréstimos para a compra de carros. Contudo, os executivos mais graduados desfrutavam de condições significativamente mais vantajosas.
Fraudes contábeis na Americanas
Veículos de luxo eram comprados pela empresa e vendidos aos diretores com descontos de até 80%. No estacionamento da sede no Rio de Janeiro, era comum ver esses carros. Curiosamente, eles desapareciam nos dias de reunião do conselho, numa tentativa de ocultar os privilégios.
Em 2018, a empresa gastou R$ 2,3 milhões para blindar esses automóveis. Com a fusão da B2W com a Americanas em 2021, o número de diretores foi reduzido de 22 para quatro, mas ainda havia sete carros de luxo disponíveis.
Além disso, a fraude contábil envolvia práticas como reclassificar despesas de fretes como investimentos, alterando a percepção dos resultados financeiros. Investigadores descobriram que cerca de R$ 200 milhões em custos de fretes foram registrados como investimentos, distorcendo os resultados financeiros.
Salários de funcionários de diversos departamentos eram alocados na folha de uma empresa digital do grupo, manobra que reduzia artificialmente os custos operacionais.
Inflação de resultados
A manipulação de estoques era comum, visando a inflar o Ebitda da companhia. Produtos devolvidos por clientes não eram registrados, resultando em um “estoque falso” que chegou a R$ 700 milhões. A Americanas também inflava os dados do GMV para atender a expectativas de mercado e analistas.
A prática consistia em multiplicar o GMV em até 1,4 vez, inflando o volume bruto de vendas. Inicialmente, suspeitava-se que fosse feito de forma automática, mas descobriu-se que era manual, por meio de planilhas. Além disso, a empresa adiava os reajustes de aluguéis, dificultando a avaliação real dos custos operacionais.
Essas ações mascaravam a eficiência das lojas, mantendo os aluguéis artificialmente baixos. A Americanas se declara vítima de uma complexa fraude financeira, acusando ex-diretores de manipular controles internos.
A empresa colabora com investigações da Polícia Federal, do Ministério Público Federal, da CVM e um comitê independente para esclarecer os fatos e punir os responsáveis.
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Com tantas evidências de manipulações em diversos indicadores, como acreditar que os diretores não sabiam?