O Conselho de Administração da UnitedHealth Group (UHG), maior empresa se saúde do mundo, aprovou nesta sexta-feira, 22, a venda da Amil ao empresário José Seripieri Filho, conhecido como “Júnior da Qualicorp”.
Seripieri teria oferecido R$ 11 bilhões para a empresa americana, sendo R$ 2 bilhões em equity e R$ 9 bilhões de assunção de dívidas.
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Seripieri é muito próximo do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.
Ele foi o maior doador individual para o Partido dos Trabalhadores (PT) nas eleições de 2022, totalizando R$ 2.575.000 repassados ao cofre do partido.
O empresário visitou o petista inúmeras vezes na prisão em Curitiba, e chegou a levar o então recém-eleito mandatário para e sua comitiva à COP27, no Egito, em seu jato privado.
Lula costumava frequentar a casa de veraneio do empresário, em Angra dos Reis (RJ).
Hoje Seripieri integra o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável, o chamado Conselhão.
Novo dono da Amil já foi preso na Lava Jato
Em 2020 Seripieri firmou um acordo de delação premiada com o Ministério Público e confessou o crime eleitoral de caixa dois em um caso envolvendo o senador tucano José Serra.
O empresário ficou preso por três dias em julho de 2020 em decorrência da Operação Paralelo 23, que investigou pagamentos para a campanha de Serra ao Senado em 2014.
Seripieri se tornou réu acusado de corrupção, lavagem e caixa dois na Justiça Eleitoral de São Paulo, âmbito de um conjunto de inquéritos apelidado de “Lava Jato Eleitoral”.
O acordo de colaboração foi homologado em 2020 pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso, prevendo o pagamento de R$ 200 milhões pelo empresário como ressarcimento aos cofres públicos.
Os termos do acordo e os detalhes dos depoimentos permanecem sigilosos até hoje.
Júnior da Qualicorp assumiu todos os passivos presentes e futuros
Seripieri aceitou assumir todos os passivos da UHG no Brasil, seja passados ou futuros. Uma das condições impostas pela empresa americana, que quer sair definitivamente do Brasil.
A oferta de Seripieri superou as de outros concorrentes, como o empresário Nelson Tanure, que teria oferecido R$ 3 bilhões.
A transação é a maior operação de fusão e aquisição já realizada entre uma companhia e uma única pessoa física no Brasil.
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Os R$ 2 bilhões foram financiados por Seripieri junto aos bancos Santander, Bradesco, Bradesco BBI, BR Partners e BTG Pactual.
Em 2022, a Amil registrou um faturamento de R$ 26,3 bilhões, com um patrimônio líquido de R$ 16 bilhões e R$ 8,5 bilhões em caixa.
A empresa de saúde tem uma carteira de mais de 5 milhões de beneficiários entre planos de saúde e dentais, com mais de 31 hospitais e 28 clínicas médicas.
Segundo o Bank of America (BofA) os ativos da empresa valem ao todo entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões.
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Todavia, Seripieri deverá reverter um Ebitda (lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização) negativo de cerca de R$ 2 bilhões.
Um dos maiores problemas da Amil são os planos de saúde individuais, que apresentam uma sinistralidade superior a 100%, ou seja, representam mais custos do que receitas.
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Esse ponto é um dos principais problemas financeiros da Amil. Além disso, os reajustes são tabelados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), e não é possível rescindir os contratos.
Na minha ignorância não vejo lógica na conta, o que ofereceu mais não levou, o valor em caixa é 4x maior, o faturamento é de 26 e os ativos de 10 bi, uma fração do valor ofertado.
Tudo tem o seu preço.
Das visitinhas ao Molusco na cadeia, da carona no jato particular e das hospedagens em Angra.
O retorno está aí…!
Se essa aquisição beneficia os segurados, foi uma ótima aquisição, o mercado das empresas donas dessa carteira fazem o que querem, reclamam dos planos individuais, mas não abrem mão das cobranças extorsivas gerando lucros exorbitantes.
mais uma prova que o Brasil do amor a corrupção está de volta.