O Comitê de Política Monetária (Copom) considera que ainda não há “relação mecânica” entre a queda da inflação e o novo arcabouço fiscal apresentado pelo governo Lula. Essa é a tônica da ata da reunião do Copom realizada entre os dias 2 e 3, que manteve a taxa básica de juros em 13,75% ao ano.
“O Copom novamente enfatizou que não há relação mecânica entre a convergência de inflação e a aprovação do arcabouço fiscal, uma vez que a trajetória de inflação segue condicional à reação das expectativas de inflação e das condições financeiras”, afirma a ata do Copom.
Segundo o documento, entre as duas últimas reuniões do Copom, a apresentação da proposta fiscal do governo “reduziu a incerteza associada a cenários extremos de crescimento da dívida pública”, mas, mesmo assim, não houve mudança relevante nas projeções de inflação, uma vez que as expectativas não se alteraram de forma significativa.
Isso prova a ausência de “relação mecânica” entre os dois fatos e afasta, portanto, declarações da alta cúpula do governo Lula e de militantes petistas de que o simples fato de o governo ter apresentando a proposta de ancoragem fiscal deveria implicar a imediata redução da inflação e, consequentemente, dos juros.
Apesar de ainda não haver um “desenho final” do arcabouço, que precisa ser votado no Congresso Nacional, o Copom avalia que a apresentação de uma proposta de novas regras fiscais reduziu parte das dúvidas advindas da política fiscal. “A materialização de um cenário com um arcabouço fiscal sólido e crível pode levar a um processo desinflacionário mais benigno através de seu efeito no canal de expectativas, ao reduzir as expectativas de inflação, a incerteza na economia, o prêmio de risco associado aos ativos domésticos e, consequentemente, as projeções do Comitê.”
Segundo a Ata, o Copom enfatizou que a execução da política monetária, neste momento, requer serenidade e paciência para incorporar as defasagens inerentes ao controle da inflação através da taxa de juros e, assim, atingir os objetivos no horizonte relevante da política monetária. “Nesse sentido, o Comitê avaliou que os cenários que poderiam requerer a retomada do ciclo de aperto monetário se tornaram menos prováveis.”
O Comitê diz que segue vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação. Também informa que irá perseverar até que se consolidem não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas.
Alguém do Banco Central vai arriscar em abaixar os juros com a aventura deste arcabouço ?
Vamos por etapas: Primeiro, o Congresso discute e vota, depois analisam SE funciona.
Só depois é que o BC pode pensar em mexer com a taxa de juros.
Voilà !!!!